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Savanna Walker
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Teatros
TEATROS inclui três peças com cariz simultaneamente didáctico e lúdico.
TOCA, NÃO TOCA E VOLTA A TOCAR, peça em 8 quadros, um prólogo e um epílogo, foi criada a partir da peça de António Torrado Flauta sem Mágica. Segundo o autor, «é uma peça essencialmente ecológica (…) vocacionada para os mais novos.(…)aborda a temática da poluição sonora versus fruição musical, da poluição do ar versus ar puro, da polifonia versus monotonia (…)».
JARDIM CELESTE, opereta em 2 actos na qual, a propósito da inauguração de um chafariz e de um urinol se desenrola uma mordaz crítica social.
Na peça MARESIA, ode cómico-trágico-marítima em 2 actos, o pequeno Chicharrinho segue com curiosidade e interesse as histórias das aventuras do Avô Zé Chicharro e do Faroleiro Ti Jão que retratam vários episódios da vida de uma comunidade piscatória.
Quando o Velho Fauno Sentiu o Empurrão da Morte
Fausto Bezerra Velho, professor primário e apreciador das putinhas da ladeira do Senhor do Alívio, manteve-se solteiro até à idade de 48 anos. O que leva este homem a casar com Maria do Resgate, 32 anos mais nova? E depois, por que se envolve, sucessivamente, com mais três criaditas, todas elas mal ataviadas na sua adolescência, até que um dia a morte lhe faz sentir o empurrão inevitável?
Desenrolando-se nos anos 30, quando Salazar começava a algemar a liberdade dos portugueses, esta novela é a memória de um tempo passado e dos seus equívocos.
O júri do Prémio Manuel Teixeira Gomes, ao distingui-lo, considerou Quando o Velho Fauno Sentiu o Empurrão da Morte «uma escrita delicada, quase etérea e, contudo, forte e profunda»
(In Contracapa do livro)
O Zezinho Cigano
Ao longo de 15 capítulos, O Zezinho Cigano aborda problemas que afectam a juventude (problemas sociais dos meninos da rua, trabalho infantil, droga, roubo,sida…) e suscita a reflexão de quem o lê, no sentido de contribuir para uma maior consciencialização, passo primordial para que esses problemas sejam melhor tratados e para que as condicionantes que estão na sua génese sejam encaradas não como fatalidades necessárias mas como produto dum certo tipo de sociedade.
Janus
Dado o número de atributos que lhe eram conferidos, Janus foi considerado um dos deuses mais proeminentes do panteão romano. Era o deus das partidas e das chegadas, do dentro e do fora, do início e do fim, do passado e do futuro… Segundo a mitologia, governou no Lácio num período de grandes desenvolvimentos científicos, facto pelo qual passou também a simbolizar a mudança entre a vida primitiva e a civilização, entre o obscurantismo e a ciência. Em razão desta dualidade de facetas, os romanos representavam-no com duas faces, cada uma olhando em direcções opostas. JANUS é também o título desta ficção e o nome atribuído pelo autor ao programa de astrologia, acessível através da rede, que será o elemento desencadeador de toda a intriga. Tal como o deus romano, o programa JANUS tem duas faces. Se por um lado representa “o poder de computação dos modernos processadores informáticos” ao serviço dos interesses humanos, por outro revela-se como algo de obscuro, enigmático que só será desvendado como o decorrer da acção. Este é, aliás, o objecto central de toda a narrativa: duas personagens que procuram perigosamente descobrir o que se esconde por detrás desta tecnologia. Os temas abordados, violação de privacidade, manipulação de dados através da informática, são bem actuais e cada vez mais do interesse do homem moderno. Na verdade, embora o autor, logo nas notas iniciais, faça questão de advertir o leitor que as personagens do romance são fictícias e que qualquer semelhança que possa existir com a realidade é pura coincidência, pela rápida evolução dos meios tecnológicos e da informática, os acontecimentos relatados poderiam bem ser reais. Sem recorrer a termos demasiado técnicos, como seria de prever num romance deste tipo, o autor, através de uma linguagem muito acessível, duma estrutura narrativa excelente e de uma enredo envolvido de suspense, consegue cativar o leitor de princípio a fim.
O Outro Domínio do Demónio
“Talvez o homem tenha cometido o verdadeiro pecado mortal quando retalhou a primeira rã e, com ela, fez a primeira experiência”…
A frase, dita por uma das personagens, remete-nos para uma realidade que, de tão comum, passa despercebida: as desviantes aplicações dos avassaladores avanços tecnológicos. Com as ferramentas ao dispor, não há fim que não se possa atingir. E se a ciência engendrou a cisão do átomo, clonou a matriz da vida e fabrica “armas” biológicas, porque não poderá desenvolver uma “pílula” para formatar sociedades? É desta terrível possibilidade que trata este romance.
E se, a uma empresa farmacêutica, chegasse uma enorme e tentadora encomenda de uma específica droga para tornar estéreis os casais de um país demasiado populoso? E se toda a máquina dos laboratórios trabalhasse para satisfazer o pedido dos governantes a braços com as insolúveis realidades da fome e da miséria extremas de milhões de criaturas? E se, repentinamente, o medicamento apresentasse terríveis efeitos secundários? E se a máquina dos ocultos interesses quisesse abafar a realidade calando o alarme das vozes incómodas?
Num mundo sufocado por dificuldades, a hipótese de poder acontecer não é possibilidade desprezível. No passado houve outras eugénicas tentativas. E o homem sempre cairá na tentação de utilizar os meios que tem à sua disposição para resolver os problemas presentes menosprezando danos futuros.
Fala de Uma Professora ao Volante no IC1
Uma “circunspecta e vulgar professora do Ensino Básico” percorre, ao volante do seu Seat Leon Tdi 1.9, os 70Km que separam Viana do Castelo do Porto.
Ao longo desta viagem – que ela mede em tempo e já não em Km – arrastada pelo “rio do pensamento” vai divagando, em ameno diálogo, (ou será um monólogo a 2 vozes?…) com a “criatura” a quem, hoje, deu o dom da fala mas que só ela vê e ouve.
Assim, seguindo o fio do pensamento, esta viúva de um “defunto falecido”, esmagado por um “atrelado voador” na IC1, vai tecendo, com ironia e sarcasmo, os mais inesperados comentários sobre variados assuntos: professores, alunos, vizinhos, algumas figuras da cidade, o ensino, a política, a cultura, o racismo, a moral, … Os temas sucedem-se, cruzam-se, tecendo uma teia que não tem outra trama a não ser o divagar do pensamento porque, como a própria personagem explica, “o rio do pensamento é isto mesmo, não tem nascente, nem margens, menos ainda foz ou bússola para se orientar”. Só que, de vez em quando, é assaltada pelos “tumultuosos pensamentos roxos” que tanto a atormentam e dos quais se defende elaborando, mentalmente, listas de compras de supermercado.
No entanto, à medida que constrói um retrato corrosivo da nossa sociedade, com seus preconceitos e hipocrisias, esta mãe de dois adolescentes vai sendo confrontada, graças às intervenções da sua “interlocutora”, com os seus próprios medos e reais problemas pessoais. Ao longo desta viagem, que se repete diariamente, há já três anos, com espírito de sacrifício, tal “quotidiana peregrinação”, acaba por tomar consciência do desleixo que inundou a sua vida e o seu ser. Sem tempo para nada nem para ninguém (incluindo ela própria), dividida entre os filhos, a casa, a escola e a empresa PLURIPESSOA (que persiste em manter em mémória do falecido), amarga e ressentida, apercebe-se do caos que tomou conta da sua existência. A empresária pouco faz e menos gere mas desgasta-se com o despreso do Senhor Mário Santinho Isabel, ex braço direito do falecido; a professora perde os testes dos seus alunos e só os descobre, graças a uma travagem brusca, quando já outro ano lectivo está prestes a iniciar; a mãe pouco vê os filhos, cada vez menos os conhece e nem sabe se a filha reprovou; a mulher não tem tempo para nada e menos ainda para ir ao cabeleireiro pintar os “subversivos cabelos brancos” que tantos a incomodam; o carro, de tão sujo, já nem tem cor definida… Com tudo isto, será que o cabelo vermelho da filha e o gosto do filho pela arte da culinária haviam de a preocupar? Pois é precisamente isso que parece sugerir a “Voz” que ela acusa de ser “uma má consciência”.
Mas é numa segunda parte, desta vez numa narrativa feita na 3ª pessoa do singular, que tomamos conhecimento do desfecho e ficamos a saber quais as consequências destas deambulações pelos meandros do pensamento (consciente ou não). É o momento de fazer escolhas, de tomar decisões, de olhar para o presente e retomar a vida.
Um “golpe de asa” antes do regresso definitivo pela IC1 em direcção a Viana do Castelo.