1923

Paisanas (Canções do Meu Amado País)

APRESENTAÇÃO GERAL

O corpo da obra Paisanas (Canções do Meu Amado País) apresenta-se dividido em quatro partes temáticas:
Cidade e Termo – Viana; A Lenda do Rio Lima; Tricana; A Chinela; Enquanto é Tempo; Ou Sim…; Ó Tempora; Sobre a Areia; A Canção da Brigada do Minho
Murmúrios do Lima – Maria Luisa; Contemplação; Apartamento
De Boca para Fora – Lugar Comum; Soltos; Dia d’Anos; Concisa; Carta de Férias; Papelucho que Oiro Vale; Trocadilho; Verdade Velha; Timidez; O Laço; Ao Passar; Pontuação a Tempo; Trovas a uma Morena
Brisas do Mar – Dor de Cotovelo; O Leque de Baile; A Última Trova
Segue-se uma tradução para alemão do poema «Apartamento», sob o título «Trennung» por Willy Maass.

Fecha-se esta edição com uma secção intitulada Dos Jornais, na qual foram compilados vários comentários críticos sobre a obra, publicados em vários jornais no ano 1922.

LINHAS TEMÁTICAS

Em versos cheios de melodia que «…se lêem com agrado, pela simplicidade que deles dimana como a água cristalina de uma fonte…», Sardinha canta a graça e a gentil beleza da mulher do povo, da tricana vianesa (Tricana, A Chinela, Ó Tempora), cuja maneira típica de vestir, com o seu chaile e chinela de verniz – ilustrada na capa do livro – há muito se perdeu .

O tom irónico e leve com que retrata e critica aspectos da vida citadina, alia-se a descrições da terra e do seu povo «…fazendo em ligeiras líricas, verdadeiros quadros de mestre aguarelista…».

Meu Coração Caminheiro

No livro Meu Coração Caminheiro, o coração malicioso e inconstante que brincou com as «paisanas» ou as namorou sem propósitos de «bom fim», sofre já, sangra já, atingido pelo verdadeiro amor. Apresento, como exemplo, três poesias: Saudades (…) o excerto de um longo poema, Impossível Amor, pertencente à terceira e última parte do livro, intitulada Descendo a Encosta (só um ano depois, com este mesmo nome, apareceria a obra de Eugénio de Castro!). Tal como a primeira, surge colorida de transparentes tintas românticas (…) E, por fim, a terceira poesia, decerto a mais exemplar na estrutura pemática, na beleza das sínteses e, também, a mais liberta do molde naturalista. Chama-se Órbita Fatal e prova bem que o seu autor não é um mero aspirante a poeta, mas um poeta autêntico que merece ser salvo do esquecimento a que a fatalidade do Letes o votou (…)

António Manuel Couto Viana, Poetas Minhotos, Poetas do Minho