CER

O Zezinho Cigano

Ao longo de 15 capítulos, O Zezinho Cigano aborda problemas que afectam a juventude (problemas sociais dos meninos da rua, trabalho infantil, droga, roubo,sida…) e suscita a reflexão de quem o lê, no sentido de contribuir para uma maior consciencialização, passo primordial para que esses problemas sejam melhor tratados e para que as condicionantes que estão na sua génese sejam encaradas não como fatalidades necessárias mas como produto dum certo tipo de sociedade.

Sem as «Madeleines» de Proust

Após o belo prefácio de Alberto Abreu, os quarenta e sete poemas desta obra distribuem-se por três partes.

Os trinta poemas que constituem a primeira parte, intitulada “De perto e de Longe”, pode ser integrada na denominada literatura de viagens. Dela constam poemas inspirados em lugares/acontecimentos marcados pela proximidade geográfica (Lisboa ou Viana), mas também outros que remetem para exóticas e distantes paragens, Marrocos ou a Grécia, México ou a Patagónia, para apenas referir alguns exemplos.

A segunda parte, “Avena Rústica”, constituída por dez poemas, canta as origens rústicas do seu autor e é dedicada à região altominhota, aos seus patronos (“Nossa Senhora das Neves” ou “Promessa e Louvor”), aos usos e costumes desta região (“Vindimas da minha terra” e “Samiguel Minhoto”), às suas gentes (“O motard bacano”).

Nos sete poemas da terceira parte, “Personagens Típicas de Vila de Punhe”, o autor presta tributo a personagens, suas conterrâneas, que se destacaram pelas mais diversas atividades – música, poesia, mendicidade, venda ambulante…

Pelo Mundo em Pedaços sem Partido

Escrever é criar circunstâncias e memorializar viagens.

De Viagens nos fala este livro de Amadeu Torres. São 78 sonetos e quatro momentos.

Num primeiro momento, aparecem textos escritos entre 94 e 2001 e que reflectem viagens por Portugal, pela Rússia, pela Alemanha, pela Áustria, pela Inglaterra, pela França, pelo México, pelo Chile, pela Argentina, pelos EUA… São pedaços de si, a esmo espalhados pelo mundo de onde nos traz o Taj Mahal, as bétulas de IASNAIA POLIANA, os castelos do Reno, o Krupp do aço, o Hitler e o Duce, Shakespeare, Walter Scott, William Wallace, a Magna Carta, Bonaparte e S. Guirec, Chartres, Cracóvia e Damião de Góis, Garcilaso de La Veja, o trem de Machu Picchu, etc.

No 2º momento, de 97 a 2000, lembra-nos, à distância de 60 anos, a Carta de Atenas; fala-nos de Quioto, de Teixeira de Pascoais, de cantores e romancistas, de sinestesias e de presépios, do KGB e dos progromes da fome; lembra O JUSTO e o Sousa Mendes, o Ieltsin e Púchkin; recorda os castanheiros e as cerejeiras dos avós, o António Aleixo, o António Nobre e AS MENINAS, do Museu do Prado.

A terceira parte são textos essencialmente políticos e de intervenção: A REVOLUÇÃO FRANCESA, A Justiça e a Cega Balança, o dia da árvore, o trabalho infantil, os “bandos de selvagens”, a liberdade de Abril, o Zé Povinho e os que o exploram, o “lobby gay”, Camarate, os talibãs, etc.

Finalmente, no último grupo de textos – Políptico Poetogastronómico – dedicados a Francisco Sampaio e Nuno Lima de Carvalho, encontramos 6 sonetos onde nos faz salivar com o Ensopado, a lampreiada, o Cabrito Montês, a Sopa Seca, o Arroz de Sarrabulho e Melgaço à João Penha.

No espólio de Juvenal e noutros

O autor divide o livro em duas partes:

1. A 1ª , No Espólio de Juvenal, dá o nome à obra e é composta por 30 sonetos onde Amadeu Torres satiriza usos e costumes do seu Portugal contemporâneo. Assim passam por nós, a “Santa esquerda”, a “Des-história estrelada”,l “O virgulismo”, “o riso aquém do siso”, o “surrealisquestão”, “os ridículos”, etc.

2. A 2ª , E noutros, divide-a em dois momentos. Chamou ao primeiro, com 20 sonetos, Flauta de Pã, e aí evoca Sebastião da Gama, José Augusto Seabra, o maestro José Pedro, Mario Luzi, o Aurora do Lima, Mariana Pineda, o Gerês, Sintra, etc.

O 2º momento, Avena Rústica, compõe-se de quintilhas, em redondilha maior, dedicadas a personagens típicas de Vila de Punhe: O Chico Vila Fria, o Tio Manuel Farofa, O Tio António Belicha, a Tia Engrácia Caixeiro, o Tone Teclo.