Autor

Paulo Barreto

"Nasceu em Vila Praia de Âncora, a 3 de Março de 1935. Grande parte da sua vida foi dedicada à actividade comercial em Lisboa, cidade onde reside. No entanto, nunca esqueceu o seu torrão natal, regressando a ele sempre que necessita de partilhar com as suas gentes os seus afectos, as suas experiências, a sua Arte... Artista plástico autodidacta, expõe, pels 1ª vez, em 1982, e desde aí tem participado em inúmeras exposições colectivas e individuais, de norte a sul do país. Apresenta um vasto currículo no domínio da criação fotográfica, tendo participado em vários concursos, exposições, e colaborado na ilustração de vários livros. Aos 70 anos de idade revela-nos a sua faceta de escritor, relatando as memórias da sua infância e juventude intensamente vividas no chão nativo. Sem dúvida que estamos perante um homem multifacetado, e que nos corporiza uma grande disponibilidade intelectual e moral."

Concelho Vila Praia de Âncora
Data de Nascimento 03-03-1935
Profissão Comerciante, artista plástico

Livros do autor

Espigueiros

Primeira obra literária de Paulo Barreto, ESPIGUEIROS “pão com estórias” oferece aos seus leitores “estórias” protagonizadas pelas gentes do Vale do Âncora.
Lado a lado com diversas imagens pictóricas de espigueiros, é descrita a vida das gentes de Âncora em tempos difíceis.
“Apresentado na primeira pessoa, (…), não é a história do EU que sobressai. Digamos que aquilo que ressalta de mais importante são os episódios de uma determinada época, num lugar exacto, com vários intervenientes de carne e osso.
Para situar o leitor e se situar ele próprio, o autor começa a narrativa de forma exemplar:
“…estão a completar-se 60 anos que, na companhia de meus Pais, andei pelas ruas a semear estrelas… as estrelas partiram para o lugar que era o seu, deixaram a terra e, na dança mais bela que as gentes olharam escreveram no Céu: Acabou a guerra!!!” (guerra de 1939/45).

(…)
Os espigueiros, esses, foram o pretexto para nos falar do tempo da guerra, da fome, do racionamento, dos compadrios, da repressão, também da solidariedade e da coragem s do comboio fantasma que transportava para fora o que para muitos faltava cá dentro.
Na escrita, o autor, intencionalmente, salienta mais as figuras modestas do que as altas personalidades.(…)

O pão, sempre o pão, abrindo também a porta à etnografia.
(…)
Mas volta, não volta, página que passa e o Pão sempre na estória.
Na masseira, a mulher de mangas arregaçadas, as mãos e os antebraços bem lavados com sabão azul e branco, punhos fechados como se quisesse agredir o mundo, dá,que dá, na massa que irá levedar.
E o livro vai-nos falando da levedura caseira- o fermento – da mistura das farinhas, da água quente e do sal que baste…
(…)
São verdadeiras informações etnográficas, óptimos pontos de partida para estudos académicos.
Glória Maria Marreiros