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A Fundação do Mosteiro Visigótico de Santa Maria de Vila Mou e a Reorganização da Terra Vinha

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"Natural da Póvoa de Varzim, reside na freguesia de Vila Mou, Viana do Castelo, desde 1968. Sacerdote católico, ordenado em 1965, na Sé de Braga, é pároco das freguesias de Vila Mou e de S. Salvador da Torre. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi professor de História do Ensino Secundário e da Universidade Católica, encontrando-se aposentado. A última escola em que leccionou foi a Escola EB 2,3 / S de Lanheses. É autor de numerosas obras de investigação histórica sobre Viana do Castelo e o Alto-Minho. Foi agraciado como "Cidadão de Mérito" pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, em 1999."
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“As causa, que motivaram a sua destruição, não são difíceis de encontrar. A história geral deste período e região aparece marcada por dois acontecimentos notórios: a invasão dos normandos e o surto expansionista de Almançor.

Conhecem-se vários ataques normandos em território nacional nos sécs. IX e X. Vindos do Norte europeu, em pequenos barcos, atacavam as povoações e vilas desprevenidas, incendiavam mosteiros e igrejas, roubando e prendendo os cristãos, por cujo resgate pediam avultadas quantias. No reinado de Afonso IV (927-931) atacaram a região de Tui, obrigando o seu bispo, de nome Náustio, a refugiar-se no Mosteiro de S. Cristovão de Labruja. Mais tarde, em 1008, chegaram mesmo a arrasar aquela cidade, tendo esta diocese sido incorporada na de S. Tiago de Compostela.

Pelo ano de 1015, entraram pelas terras a dentro de Entre Minho e Douro. Atacaram Portucale, tendo conquistado o castelo de Vermoim e feito cativos muitos membros de famílias nobres, pedindo pelo seu resgate avultadas quantias. A fim de resistir ao invasor, que se mostrava impiedoso e desumano, alguns mosteiros e povoações ergueram estruturas defensivas. Assim aconteceu em relação ao Mosteiro de Guimarães, que foi doado a Mumadona, no ano de 968, com o castelo de S. Mamede. O mesmo se terá dado relativamente ao Mosteiro de Vila Mou, pois, a história, a arqueologia e a toponímia têm revelado vestígios de antigas fortificações. Sabemos mesmo que Frei Ordonho ergueu o Mosteiro de S. Salvador ao pé de uma torre da qual tirou o nome. Quem sabe, procedendo desse modo, pensaria evitar as causas destruidoras do Mosteiro de Vila Mou?

Tudo leva a crer, portanto, que o Mosteiro de Vila Mou, devido à sua posição junto das margens do rio Lima, tenha sido um dos alvos dos ataques normandos. Quer as pedras, por nós examinadas, quer outros vestígios recentemente postos a descoberto, apresentam uma leve camada de fumo. Este facto já tinha sido constatado por L. de Figueiredo da Guerra, quando observou as pedras decoradas aparecidas na igreja velha de Vila Mou e que hoje estão guardadas no Museu Municipal de Viana do Castelo. É possível, portanto, que o Mosteiro de Vila Mou tenha sido destruído por incêndio e os seus frades dispersos por altura das grandes vagas de ataques normandos, perpetrados no início do séc. XI, mormente o de 1015. Não encontramos outra explicação para aquele facto, até porque a invasão de Almançor pelas terras do noroeste hispânico não se revestiu daquela crueldade que os cronistas parecem anunciar. Sabemos até que algumas incursões foram levadas a efeito por príncipes cristãos, que atraiçoaram os ideais da Reconquista, pondo-se ao serviço dos interesses da moirama. (pág. 92 e 93)

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