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A História de Viana do Castelo em Dispersos – 1

Conjunto de seis ensaios sobre a História Vianense, esta obra é mais um contributo do seu autor para a História da cidade.

Aborda como temas as transformações de Viana desde a Idade Média até ao séc.XVI, a evolução das suas estruturas defensivas, a presença de vianenses no Brasil no século XVIII, a pirataria e o corso em Viana, o abastecimento da cidade e, por fim, o traje e o ouro na época barroca.

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Conheça o autor

"Natural da Póvoa de Varzim, reside na freguesia de Vila Mou, Viana do Castelo, desde 1968. Sacerdote católico, ordenado em 1965, na Sé de Braga, é pároco das freguesias de Vila Mou e de S. Salvador da Torre. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi professor de História do Ensino Secundário e da Universidade Católica, encontrando-se aposentado. A última escola em que leccionou foi a Escola EB 2,3 / S de Lanheses. É autor de numerosas obras de investigação histórica sobre Viana do Castelo e o Alto-Minho. Foi agraciado como "Cidadão de Mérito" pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, em 1999."
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ISBN

972-588-169-9

Excertos

Apesar de todas as medidas de precaução e empenho colectivo, os ataques continuaram e as vítimas cresceram. (…)

Era o mês de Junho de 1631. A costa do Noroeste português estava enxameada de piratas mouros e renegados. Em 11 daquele mês aprisionaram a lancha do pescador vianense de nome Bartolomeu Lopes, com 10 homens a bordo; mais uma caravela e um pataxo (este de Francisco Gonçalves) que provinham do Mondego carregados de cal com destino ao porto de Viana. No dia 9 já haviam surpreendido os habitantes de Montedor (Carreço), ao desembarcarem em uma lancha nas imediações. Uns lavradores, que, a tempo, se aperceberam do facto, e correndo, tocaram o sino a rebate, salvaram os moradores do roubo ou morte. Os mouros fugiram sem fazer presas. Muitas atrocidades e tentativas foram perpetradas, que o cronista reduz a «vários roubos e captivos». A população do litoral e os pescadores ou mareantes andavam assustados. Deste modo não foi difícil o Procurador do povo, de nome Domingos Rodrigues Falcão, fazer reunir a Câmara e, aí, decidir-se por umaacção anti-corso. De facto, como faz ver aos vereadores, «eram muytas as lástimas e perdições, roubos e cativos, navios, lanchas, embarcações que tinham tomado e levado, desde à seis dias a hesta parte». Era chegada a hora de os vianenses mostrarem o seu brio e patriotismo. A adesão ao apelo do juiz-de-fora foi massiva. Até vários marítimos nórdicos, cujos navios permaneciam estacionados no porto de Viana, aderiram. Foi escolhido para chefiar a acção punitiva o Capitão de Ordenança Tomé Ramos Correia. Decidiram-se pela utilização de embarcações ligeiras. Tomaram no porto uma caravela de Azurara, um caravelão de Esposende e 2 chalupas pertencentes a dois pilotos da barra. Meteram mantimentos, artilharia e munições, que a Câmara comprometeu-se a pagar. Às três horas da tarde do dia 11 de Junho partiram para o mar à procura do inimigo. Eram ao todo 64 homens, sendo 49 milícias, 2 cavaleiros, 2 capitães, 1 sargento, 1 piloto de barra, 1 padre-capelão, 1 serralheiro, 6 criados e 1 mancebo. No dia seguinte (12 de Junho) chegou a notícia a Viana que, pelas 14 horas, tinham avistado o inimigo e iniciado a peleja. Da terra (Afife e Carreço) «houviam-se muytas bombardas e trons, que se houviam por largo hespasso de tempo». Nessa altura decidiu-se enviar uma chalupa em socorro, levando mantimentos e pólvora, ao mesmo tempo 14 mosqueteiros e o cirurgião João de Lamarque «com a sua botiqua e todo ho necessário pera curar, se houvesse feridos». Sabe-se que no dia 13, festa de S. António, conseguiram fazer presa, aprisionando a embarcação inimiga. A notícia chegou a Viana no dia 14, pelas 9 horas da noite, estando a Câmara reunida. Foi mensageiro da boa nova João Rodrigues do Penedo. Ocorreu já em mar galego, de fronte do mosteiro de Oya. No dia 15 chegaram os heróis. Traziam presos 4 mouros e 4 renegados, isto é, 1 galego, 1 francês da Borgonha, outro francês de Cales, e um terceiro de Saint Mallô. Na batalha morreram 1 turco e 7 mouros, entre os quais o capitão da sécia. Quanto ao navio pirata, devido à sua velocidade e falta de matimentos, desistiram de o capturar. No que diz à repartição das presas cumpriram as normas em vigor e quiseram presentear Santo António, 1 mouro, oferecendo ao mosteiro vianense homónimo, «servir nas obras do mesmo». Por fim, no meio de calorosos, foi lembrado, na Câmara, o feito heróico do mancebo Manuel Fernandes Parola que «tomou huma rouqueira às costas, a pôs sobre o ombro, o condestável fez pontaria (e disparou) o que foi causa dos mouros se renderm». O facto foi enviado ao rei para constar e rceber o louvor a que tinha jus. (pág. 147 e 148)

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