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A Poesia Vianense no Último Quartel do Séc. XX (1974-2000)
1.
Este livro é composto por textos, revistos e actualizados, que o autor havia publicado nos cadernos Vianenses, tomos 26, 27, 29, 30, 31 e 35.
2.
Em mais de 200 páginas, que se lêem com muito agrado, Alberto Abreu percorre a temática e, às vezes, a forma da poesia vianense do período pós-revolução de Abril de 74. Fala-nos da poesia e de poetas da resistência; da poesia regionalista, da lírica pós-modernista, da poesia feminina, da poesia para crianças e da poesia de tema religioso.
É assim que entramos na temática de Reguengo, A.M. Couto Viana, Ricardo de Saavedra, Amadeu Torres/Castro Gil, Maurício Sousa, David Rodrigues, Fátima Passos, André Shan Lima, José Luís Carvalhido da Ponte, Fernando Castro e Sousa, Miguel Ângelo, Alexandre Passos, Manuel Baptista da Silva, Francisco Sampaio, Maria Emília Sena de Vasconcelos, Maria Manuela Couto Viana, Linda Coelho, Adelaide Graça, Virgínia Manuela Ramos, Maria da Conceição Campos, José da Silva Lima, A. Almeida Fernandes e Rui Pinto.
3.
O autor inclui, de seguida, uma breve antologia onde insere também textos de Catarino Rangel e Francisco José Carneiro Fernandes.
4.
O livro encerra (antes da referência bibliográfica a obras citadas) com uma listagem cronológica das obras poéticas de autores vianenses desde 1975 a 2000.
5.
É, claramente, um livro incontornável para quem quiser estudar a poesia vianense destes 25 anos.
Prefácio
Da poesia vianense já se fizeram pelo menos duas antologias, com critérios diversos. A primeira pretendia abranger todos os poetas, desde que tivessem publicado um mínimo de 60 páginas. A segunda apresentou um critério temático ( poesia de amor, e verifico com aplauso que o conceito de amor e do respectivo objecto é bastante alargado e abrangente) e não quantitativo. Por isso, muitos autores nela consignados não têm obra em livro publicada neste período de 25 anos, e outros nem são naturais ou habitualmente residentes em Viana do Castelo, e são estas razões, independentemente da qualidade da sua poesia, que nalguns casos é notável, que os colocam fora do âmbito deste estudo.
O pronunciamento militar de 25 de Abril de 1974 interceptou de euforia todas as camadas da população vianense, aí incluídos naturalmente os seus escritores. Mas da alegria dos acontecimentos esperava-se uma maior ressonância. De facto, de 14 de Maio a 31 de Dezembro de 1974, A Aurora do Lima, jornal local onde escreveram tantos resistentes, um dos quais o seu próprio proprietário, não publicou sobre isto quatro dezenas de poemas, e contou dois números especiais – o das Festas da Agonia (16 de Agosto) me o do Natal (20 de Dezembro). E alguns dos publicados eram até resistentes estrangeiros, como Samora Machel, António Jacinto e Agostinho Neto, os de Alfredo Reguengo eram textos que estavam na “gaveta” e vieram a ser publicados nos Poemas da Resistência; outros eram inéditos ou poemas recusados pela censura de Manuel Baptista da Silva, Mário Marinheiro ( José Agostinho da Conceição) e Alfredo Reguengo, e de havia muito “engavetados” também. Produziram propositadamente para o jornal ,celebrar a efeméride, apenas Reguengo, RACFER, Lucilo Valdez, Fernando Castro e Sousa, Zé Luís (José Luís Carvalhido da Ponte), José Cunha, Xico Guerra e – esperança das esperanças – alguns alunos das escolas. Mas foi esperança que por aqui se ficou. Vamos ver, nas páginas seguintes, quão pequeno foi, a prazo, o reflexo de todos estes problemas e vivências na obra dos poetas vianenses, nos 26 anos que vão de 1974 a 2000.
(…)
Alberto A. Abreu
Excertos
“O outro dos carmina compô-lo, [Castro Gil], em 1987 para celebrar o cinquentenário da Academia Portuguesa de História. É também uma ode clássica com estrofes de quatro versos decassilábicos sáficos, sendo o quarto quebrado ( na quarta sílaba). Aí, também à maneira clássica, cristalizou as entidades ideais em simbologemas, tais como lugares da topografia clássica(Olimpo, Pindo, Píero, Hélicon) e os deuses e as musas (Minerva/Palas, Apolo/Febo e Clio, a musa da História, em destaque) e tão simbólicos, que o ablativo absoluto Pallade et Musis […] patronis é traduzido por sob a bênção [sic] de Minerva e o patrocínio das Musas” (p.77)
“É uma colectânea de poesias [Postais de Viana de Antº Manuel Couto Viana] de assunto geográfico com um toque historiográfico, até com notas eruditas (22 páginas de notas!). Mas é verdadeira poesia lírica, porque é o poeta, um poeta de lira amadurecida, que se nos revela a partir do que vai dizendo sobre a terra onde viveu a infância e a juventude. Logo o primeiro «postal», narcisisticamente, é o das «Casas do Doutor» onde o poeta nasceu e que descreve com um prosaísmo tal, que logo nos vem à ideia o lirismo sentido de Cesário. Leia-se este excerto da última estrofe e atente-se na disforia, tão recorrente em Couto Viana:
A fachada, ontem ocre, hoje brilha de branco
E, sem perder nobreza e austeridade,
Abre as portas à sucursal dum banco.
O segundo postal é dum vira que começa de modo tão denotativo que até esclarece que a lavradeira «Traja à Maneira da Meadela», mas que acaba por definir o par dançante com uma mestria poética, que parece de versos em bronze:
E este moço que é seu par,
Com ombros largos, cinta estreita,
andou no campo a trabalhar.
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E em torno delça, como o galo
Que entorna a asa em raso adejo,
Seu corpo oscila, no embalo
Feito de música e desejo.” (p.122)
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