Biblioteca

  • Home

À Sombra dos Passos

Apresentação global

“À SOMBRA DOS PASSOS”(Poesia) inicia com uma dedicatória do Poeta a seus filhos, seguindo-se uma nota introdutória da autoria de Fernando Melim (Escritor e jornalista).

É composto por quarenta e dois poemas,apresentando alguns deles ilustrações de Lucilo Valdez. O primeiro poema, “RECORTES DA VIDA” é dedicado à sua tia Madalena Rebôlo.

Partilhar:

Conheça o autor

"Porfírio Pereira da Silva nasceu na freguesia de Mazarefes, concelho de Viana do Castelo, no dia 26 de Novembro de 1956. Partiu para Angola com apenas três anos, tendo regressado quando completou 14 anos. Frequentou o primeiro ciclo na vila de Maquela do Zombo (Uíge), prosseguindo estudos em Silva Porto (Bié) -o actual 5º ano do ensino básico - e no Colégio do Negage (Uíge) - o 6º ano do mesmo ciclo. Regressado a Portugal, em Outubro de 1971, completou o Curso Geral de Mecânica na Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo. Desempenhou a função de técnico fabril nos Estaleiros de Viana do Castelo. Hoje é funcionário da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, colaborando em diversos jornais regionais."
Autor:

Concelho do autor:

Editora:

Data de Edição:

Local de Edição:

Ilustração

Prefácio

Nota introdutória

As palavras do poeta são o bisturi com que ele abre o véu da vida e lhe extrai o sentido ou, nesse sentido, sempre inviolável, sempre em mutação, procura entrever as raízes que, através das encruzilhadas da vida e dos passos dos homens (e do poeta), vão aflorando tímidas, porque logo atacadas pelas categorias humanas carregadas dos seus venenos efémeros, mas mortíferos.

As palavras do poeta são as palavras dos homens, mas são palavras-outras com outro sentido, um vórtice insatisfeito que procura, incansavelmente, novas palavras capazes de dizer o que fica por dizer na incertitude e na limitação da expressão humana, aquela dimensão que fica, desconhecida, incerta, mas palpitante, entre a matéria e o espírito, entre a existência e a VIDA. Na mesma intranquila busca, na mesma ansiosa expectativa, na mesma árdua caminhada, estão estas palavras abismadas de PASSOS NAS ENCRUZILHADAS.

Palavras que dizem o que as outras palavras iguais palavras não podem dizer. O que está para lá delas, da sua substância de palavras, é que diz, porque a vida não vive na aparência, na busca, na superfície, mas lá, só lá, nos abismos onde nascem as fontes das águas matriciais do ser, aquele lugar indizível que não se diz, mas é!

Por isso, estas palavras, também incompletas como todas as palavras, não são o horizonte longínquo, mas sempre tão perto; não são espaço aberto, sem fronteiras; não são a síntese clara; não são a alegria do chegar, são o caminho, o pedregoso caminho do percurso onde o Poeta se perde e se reencontra para tornar a perder-se nos vôos que tanto levam às alturas como o mergulham nos abismos.

São essas palavras ditas entre luzes e sombras, entre passos e paragens, entre sono e vigília. São ditas num espaço e num tempo que sobraram de tempos e de espaços perdidos, distantes, já sem sons, já sem cheiros, só cinzentas memórias de figuras movediças onde flutua um trémulo lenço branco, uma palavra funda que ainda resta,um sonho que insiste em ser sonhado.

Palavras repescadas do mar da vida, palavras silenciosas, eco e lamento, brumas de alma amordaçada, comidas da idade inocente do querer e desejar, pluralidade do dizer insubmisso, não importa que não se deixe aprisionar…

Estas palavras semeadas em PASSOS NAS ENCRUZILHADAS, são, afinal, novo ciclo na caminhada do POETA. Já as disse uma vez e outra, noutros passos, noutras encruzilhadas, mas nunca as disse desta maneira porque é outra esta tentativa de rasgar revelações cada vez mais encobertos pelo peso de tantas, interesseiras e mundanas palavras que se dizem, não para desvendá-los, mas para monopolizá-los e, deles, fazer comércio.

“Mar rasgado no horizonte; montanha de verde claro; farol esguio, abandonado…”, são estas palavras, ou palavras como estas, que o Poeta cisma na ânsia de chegar para além do mar, da montanha e do farol, ao lugar do princípio (ou do fim) onde as palavras são supérfluas porque tudo está dito.

“sinto saudades da juventude perdida,/ do afagar das flores…”. “Ouço o eco e o lamento/das pedras em ruinas…”. São as palavras do Poeta bisturi com que ele abre o véu da vida e lhe extrai o sentido. Ou tenta abrir.

“Queria tornar-me eremita/ numa conquista/ onde pudesse legar/ a minha alma / sem parar/ na calma/ do cansaço/ pelos outros traçado…”.

Palavras de exorcismo.

Sempre!

Fernando Melim (escritor e jornalista)

“Perceba-me se quiser. Os políticos, os militares e os comerciantes, salvo excepções, não gostam dos poetas. Fogem deles. Custa-me dizer-lhe que guarde a poesia fora do trabalho, longe dos seus patrões e até dos seus colegas. Primeiro de tudo e sempre seja operário. Quando chegar a reforma, verta então toda a poesia que tem na mente e no coração…”

Outros

Contra capa

Estas palavras semeadas em PASSOS NAS ENCRUZILHADAS, são, afinal, novo ciclo na caminhada do Poeta. Já as disse uma vez e outra, noutros passos, noutras encruzilhadas, mas nunca as disse desta maneira porque é outra esta tentativa de rasgar revelações nos mistérios cada vez mais encobertos pelo peso de tantas, interesseiras e mundanas palavras que se dizem, não para desvendá-los, mas para monopolizá-los e, deles, fazer comércio. “Mar rasgado no horizonte; montanha de verde claro; farol esguio, abandonado…”, são estas palavras, ou palavras como estas, que o Poeta cisma na ânsia de chegar para lá do mar, da montanha e do farol, ao lugar do princípio (ou do fim) onde as palavras são supérfluas porque tudo está dito.

Fernando Melim (Escritor)

Excertos

MAR DA VIDA

No mar da vida
lanço as redes da esperança,
pesco a sofreguidão
em marés agitadas…
e quando a calma vem
pelo regresso das gaivotas,
o leme partido em névoa,
o declinar das rotas,
levam a esperança
a águas paradas.
Sou capitão sem rumo,
intelectual
sem letras ou glórias,
bebo inspiração
em musas ferrosas,
e forjando escrevo
recusas manhosas
pelo eco cristalizadas
em tristes memórias.

EGO!

EGO!
Neste espelho secreto de dor,
só queria sentir o teu rosto
recuperando o meu sentir,
nesta razão de existir,
vendo-te ao luar de Agosto.
No cimo corporal
andei por outras paragens…
entre seculares estrelas, paisagem divina,
em mártir tortura,
em encontrar esta mãe “Lina”,
mulher semente de luminosas imagens.
Sim, foi no dia em que te senti,
que reencarnei por ti!

CAMPO E PRAIA

Gosto mais do campo que da praia,
porque o verde
me dá esperança
e o silêncio necessário
para que o manto não saia,
e dele não herde
a falsa pujança
de meu cartulário.

Avaliações

Ainda não existem avaliações.

Seja o primeiro a avaliar “À Sombra dos Passos”

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *