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Antologia Poética de Castro Gil

Esta é uma antologia. Aquela que o seu organizador, o Dr. Alberto A. Abreu, julgou possível, como o diz no respectivo prefácio, que transcrevemos na íntegra em COMENTÁRIOS/ESTUDOS… e aconselhamos a ler.

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Conheça o autor

"AMADEU RODRIGUES TORRES nascido em 1927, em Vila de Punhe, Viana do Castelo, estudou nos seminários diocesanos de Braga. Uma doença súbita e grave colocou-lhe em risco a vida e a prossecução dos estudos, tendo sido internado no sanatório de Coimbra, onde escreveu grande parte dos seus poemas juvenis. Estudioso afincado e inquieto, além da poesia ( que assina com o pseudónimo CASTRO GIL), ocupou as horas de ócio em estudos linguísticos e literários. 30 anos mais tarde licenciou-se em Filosofia e pouco depois se doutorou com tese sobre Damião de Góis. Tem uma obra imensa. Logo na convalescença, em 1948, editou O meu Caminho é este e O sonho de um castelo, que foi Prémio Nacional de Poesia. Seguiram-se-lhe inúmeras outras obras. Entre elas destacamos: Auto Alegórico das Rosas, (com música de A. Lapa) Coimbra, Quinta dos Vales, 1950; Dia de Anos (com música para coro a 5 v.m. de M. Faria Borda), Braga, 1953; Barcarola (com música a 4 v.m. de M. Faria Borda), Braga, 1954; Vaticanum Alterum (ode sáfica, 1962 e versão portuguesa) Braga, Ed. Humanitas, 1963; Dulce Lovanium (ode alcaica e versão portuguesa), Braga, Ed. Humanitas, 1971; Hino de S. Tomás de Aquino (1944) com música de Benjamim Salgado, Braga, Ed. Humanitas, 1974; Carmen Fatimale ( em 8 línguas, musicado para coro e orquestra por J. Santos), Braga, Empr. Diário do Minho, 1982; Carmen Hemisaeculare (em louvor da Academia Portuguesa de História), Braga, Empr. Diário do Minho, 1987; Iubilaei Cármen in honorem Prof Costa Ramalho, Braga, Empr. Diário do Minho, 1993; Álbum de Família (Colaboração de José Torres e Alípio Torres), Braga, Barbosa e Xavier, 1995; O Sonho do Infante ( interpretado em cantata por J. Santos, para Coro e Ballet), Braga, Ed dos Autores, 1998; A Fonte de Hipocrene Cinquentando , Braga, Ed. Humanitas, 1998; Em Louvor de Viana e Outros Poemas, Braga, Ed. Humanitas, 1999; Caminhos de Emaús, Braga, Ed. Humanitas, 2000; Hino de Braga ( em colaboração com o musicólogo João Duque, para Coro e Orquestra ou Banda) , Braga, APPACDM, 2000; E Mais Mundo Não Houve , Braga, Ed. Humkanitas, 2000; Viana do Castelo e Outros Poemas / Viana do Castelo and Other Poems, Viana do Castelo, CER, 2001; E Mais Mundo Haverá / And More World There Will Be, Viana do Casstelo, CER, 2002; Antologia Poética de Castro Gil (Org. e Pref. de A.A. Abreu), Viana do Castelo, Câmara Municipal, 2002; Pelo Mundo em Pedaços Sem Partido, Viana do Castelo, CER, 2002; Quando os Longes e o Perto se Emesmaram, Viana do Castelo, CER, 2003; poemas Variação sobre um Velho Tema e Bom Jesus do Monte, musicados por J. Santos para Barítono e Órgão, Braga, 2003; Entre o Focar e o Disparar da Olympus, Viana do Castelo, CER, 2004; Acro-Ontobibliografia “in Memoriam” João Cabral de Melo Neto, Braga, Ed. Humanitas, 2004; Vila de Punhe de Ontem e de Hoje, Vila de Punhe, Ed. Junta de Freguesia, 2004; Poética em Razão Crítica, Viana do Castelo, CER, 2005; Sem as “Madeleines” de Proust, Viana do Castelo, CER, 2005; Resalutationis Carmen (ode sáfica in honorem Prof Costa Ramalho), Braga, Barbosa e Xavier, 2006; Pré-Cardápio Poetogastronómico Altominhoto, Viana do Castelo, CER, 2006; No Espólio de Juvenal e Noutros, Viana do Castelo, CER, 2006.´ (Adaptado dos textos das badanas dos livros No Espólio de Juvenal e Noutros e Antologia Poética de Castro Gil )"
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Local de Edição:

ISBN

972-588-135-4

Prefácio:

Coordenação/Organização

Excertos

ENTARDECER

Caem do dia os últimos lampejos
De agonizante a quem tocou a sorte.
Faltas de ar, estertores, ânsias, morte
Carpideiras – os rouxinóis nos brejos.

A vida cai também nos lugarejos.
Não se ouvem já os boieiros de voz forte;
Rebanhos e chocalhos vão à corte,
As frautas dos pastores não têm arpejos.

O dia morre como morre a gente
Orações, crepes, noite de presente
E vem dulcificar-lhe as agonias,

Enquanto que da torre descem lentas,
Num réquiem de piedade e luzes lentas,
Florinhas a rezar ave-marias…
(de O meu caminho é este)

 

A SÁ DE MIRANDA

Pina Martins, Farinha, Félix e eu
Fomos à Casa-Quinta da Tapada:
Das dez à uma a pé, bela jornada
Em que muito se viu e se aprendeu.

Durante o sobe-e-desce, aconteceu
Poesia engrinaldando a caminhada:
Pina Martins a dá, bem recitada.
Até na Fonte em que cada um bebeu.

De vez em quando, o porte da sequóia
Parecia o de guardiães daquela jóia
Que o bom Sá foi, com arte, lapidando.

O Poeta não estava à nossa espera.
Mas na Quinta e Solar onde vivera,
Ele nos abraçou como se estando.
(No dia de S. Tiago de 1998)
in.: A Fonte de Hipocrene cinquentando

 

A ILHA VERDE

Desce a chuva fria e densa,
Que põe nas ondas tons de mau agoiro.
De velas pandas sobre a estrada imensa
Eu levo no meu barco um sonho de oiro.

Nem vejo a noite que se espessa e gela.
Barco e barqueiro não ouvimos nada.
Mas de ambos rumo certo é a ilha bela,
A Ilha Verde, meta da jornada.

O barco finge não recear ninguém.
A distância é babugem que se apaga.
No entanto, a tempestade sobrevém
E tudo desconjunta e tudo alaga.

Em frente à Ilha Verde, à flor das águas,
Eu só, Robinson outro, preso às tábuas.

(Coimbra, 1951)
in.: Caminhos de Emaús

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