Biblioteca

  • Home

As Faianças de Prado (e não de Monte Sinai)

Com o presente artigo, publicado primeiramente na revista “Mínia”, António Matos Reis demonstra, com base em documentos por ele pesquisados e analisados, na análise das características das peças de ambas as oficinas e por informações colhidas em outros autores e ceramólogos, que as peças de cerâmica outrora consideradas originárias da fabrica de cerâmica do Monte Sinai, em Lisboa, saíram, efectivamente, das oficinas de Prado.

Compare
Partilhar:

Conheça o autor

"António Matos Reis nasceu nos arredores de Ponte de Lima, em 21 de Abril de 1943, e reside e trabalhou em Viana do Castelo, desde 1975 até à data de aposentação. É mestre em História pela Universidade do Minho, apresentando uma dissertação em História Medieval, posteriromente publicada em 1991, com o título "Origem dos Municípios Portugueses". Tal obra veio a tornar-se uma referência obrigatória para quantos se debruçam sobre a história do municipalismo em Portugal. Obteve o doutoramento, em 2004 com a defesa de tese sobre "Os Concelhos na primeira dinastia". Especializou-se em Museologia, na U.I.A. de Florença, em 1977, e pós-graduou-se em Estudos Especiais de História e Crítica de Arte, na mesma Universidade, em 1984. A sua actividade profissional repartiu-se até à data de aposentação, entre o ensino secundário oficial (1966 - 1999) e a direcção do Museu Municipal de Viana do Castelo (1989 - 2006). Neste museu exerceu o cargo de Conservador. Foi também Director do Departamento de Desenvolvimento Económico, Social e Cultural da Câmara Municipal de Viana do Castelo, desde 10 de Maio de 1990 até 31 de Dezembro de 1993. Tem exercido funções de direcção em várias associações: Vice-Presidente e depois Presidente da Direcção do Centro de Estudos Regionais; Secretário-geral e depois Vice-Presidente do Instituto Cultural Galaico‑Minhoto; sócio fundador e membro da Comissão Instaladora do Instituto Limiano - Museu dos Terceiros; sócio fundador, membro da comissão instaladora e Presidente da Direcção da Associação de Jornalis­tas e Homens de Letras do Alto Minho. É membro de várias associações, entre as quais se destacam: a Sociedade Portuguesa de Estudos Medie­vais; a Sociedade de Museologia, de Florença; o ICOM (International Council of Museums); a APOM (Associação Portuguesa de Museologia); a ASPA; a APH; a APAC. Foi Presidente da Comissão Organizadora das IV Jornadas Regionais sobre Monumentos Histórico‑Militares (Valença, 1984); membro da Comissão Organizadora do Congresso sobre a Ordem de Cister em Espanha e Portugal (Ourense, 1992) e da Comissão Organizadora do V.º e do VI.º Colóquios Galaico-Minhotos (Braga, 1994; Ourense, 1996). Reorganizou o Arquivo Histórico da Misericórdia de Ponte de Lima, e promoveu a publicação do respectivo catálogo. Em 1995, fez o levantamento do Património Cultural, situado entre Caminha e Esmoriz, para o Plano de Ordenamento da Orla Costeira. É autor de cerca de centena e meia de títulos, entre livros, estudos e artigos publicados em diversas revistas. Proferiu já várias conferências, em congressos e colóquios, em Portugal e no estrangeiro. Por deliberação unânime de 27 de Janeiro de 1997, a Câmara de Ponte de Lima atribuiu-lhe a "Medalha de mérito cultural" que lhe foi entregue no dia 4 de Março do mesmo ano, na sessão solene comemorativa da fundação da vila."
Autor:

Concelho do autor:

Editora:

Data de Edição:

Local de Edição:

Excertos

“De entre as faianças executadas sob a inspiração das porcelanas chinesas, mas dotadas de um cariz muito próprio, conta-se um conjunto de peças que apresentam entre si uma grande afinidade, e, depois de José Queirós, são geralmente atribuídas às oficinas situadas na freguesia de SAnta CAtarina do MOnte Sinai, em Lisboa, e simplificadamente designadas, desde então, como “do Monte Sinai”. Existiram aí diversas olarias, como atesta a documentação levantada por aquele ceramólogo, que as contrapõe àquelas que na sua época se sabia terem existido na parte oriental da cidade, na área da Senhora do Monte. Depois de ter descoberto a sua existência, José Queirós atribuiu-lhe o fabrico de um tipo de faianças a que acabamos de nos referir, baseado apenas na alegada semelhança da decoração de alguns azulejos existentes na área de Lisboa ocidental.

Nem todos os autores aceitaram, porém, essa atribuição e entre elesconta-se o Dr. Luís Augusto de Oliveira, que refutou as conclusões infundadas do estudioso olissiponense. Com efeito, José Queirós partiu simplesmente da verificação da existência de olarias na zona ocidental de Lisboa e de algumas parecenças formais dos motivos decorativos de algumas dessas peças com os dos azulejos existentes em edifícios na mesma zona de Lisboa (cuja oficina de procedência, no entanto, José Queirós desconhecia) para concluir que esse conjunto de peças se devia a uma oficina na área do Monte Sinai.

Já em 1916 Luís Augusto de Oliveira contestava a atribuição proposta por José Queirós, baseado não só na pouca consistência dos seus argumentos mas também na existência de fortes razões para se manter a tradição segundo a qual se produziam faianças na área de Prado e se atribuíam a essa origem as peçs que apresentavam determinadas características.

Em primeiro lugar, Luís Augusto de Oliveira cita uma carta de 17 de Outubro de 1778, segundo a qual se fabricava azulejo na vila (aliás, no concelho) de Prado. Considerando que a técnica do azulejo, no que se refere à pasta e ao revestimento, era fundamentalmente a mesma, é lógico achar-se natural que também aí se produzissem vasilhas de faiança.

Outras razões a favor da produção dessas faianças em Prado é o facto de existirem peças do século XVII ou primeira metade do século XVIII marcadas com um P. no reverso, citando-se duas do Museu de Viana, uma da colecção então pertencente a António Arroyo e outra da colecção do Conde do Ameal.

Acresce o facto de que essas peças e a grande maioria se não a totalidade das peças com idêntico estilo de decoração foram encontradas no norte do país.

Os dois pratos marcados existentes no Museu de Viana foram mesmo adquiridos pelo Dr. Luís Augusto de Oliveira em casa de uma antiga família de Prado, que os possuía desde tempos remotos e atribuía às olarias das redondezas. Era antiga a tradição em Braga relativa à produção da louça braca, isto é, de faianças, em Prado. (…)”

Avaliações

Ainda não existem avaliações.

Seja o primeiro a avaliar “As Faianças de Prado (e não de Monte Sinai)”

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *