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Chamaram-me Muxicongo

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Conheça o autor

"Porfírio Pereira da Silva nasceu na freguesia de Mazarefes, concelho de Viana do Castelo, no dia 26 de Novembro de 1956. Partiu para Angola com apenas três anos, tendo regressado quando completou 14 anos. Frequentou o primeiro ciclo na vila de Maquela do Zombo (Uíge), prosseguindo estudos em Silva Porto (Bié) -o actual 5º ano do ensino básico - e no Colégio do Negage (Uíge) - o 6º ano do mesmo ciclo. Regressado a Portugal, em Outubro de 1971, completou o Curso Geral de Mecânica na Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo. Desempenhou a função de técnico fabril nos Estaleiros de Viana do Castelo. Hoje é funcionário da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, colaborando em diversos jornais regionais."
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Prefácio

CHAMARAM-ME MUXICONGO, que ocupa já o nono lugar na série literária ascensional de Porfírio P. da Silva, no escasso período de 16 anos de profícuo labor em prosa e em verso, tem além disso o condão especial de ser a primeira obra sua a brindar-nos com a entrosagem da arte e da vida, da incidência comportamental e da história de um povo injustamente martirizado em consequência de irresponsáveis apressados na outorga e na aceitação do poder.

Tendo partido em 1960, aos três anos e meio, para Angola, aí fez a instrução primária em Maquela do Zombo e S. Salvador do Congo. Frequentou o Liceu Salvador Correia de Sá e a Escola Técnica Paulo Dias de Novais, em Luanda; o Colégio dos Irmãos Maristas, em Silva Porto, e o do Negage, regressando a Portugal, por dificuldades financeiras dos Pais, em 1971. Ao todo, 11 anos de experiências, as mais variadas e enriquecedoras, não só no plano geográfico ou tópico, como sobretudo no cultural, social e político.

Conheceu, deste modo, e bem de perto, a Angola das múltiplas etnias, costumes e tradições; a Angola dos milicianos a caírem no mato e dos quadros em sossego nas cidades; a Angola minada pelas intrigas e interesses ocultos de países hipocritamente amigos, inclusive através de missionários das terras do «Tio Sam»; a Angola da parafrenália militar fornecida por aqueles cujos tiranetes disfarçados de vendedores de banha da cobra pretenderam submeter o mundo às super-ditaduras; a Angola que teve a inaudita desgraça de ser uma região riquíssima, para afinal vir a encher os cofres dos Midas ambiciosos, e a expulsar, despojados de tudo, e na miséria, tantos que a ajudaram a tornar-se adulta e senhora. Porfírio P. da Silva, embora retornado três anos antes da grande diáspora provocada por um nacionalismo estulto e bisonho, acicatado aliás por certos vendilhões de pátrias e desertores, ao menos não esquece jamais que esse antigo rei da Frigia tinha, apesar do ouro a rodos, as orelhas de burro, tal como outros Midas de hoje.

Disse uma vez Napoleão que «uma cabeça sem memória é como uma praça desguarnecida». Não acontece assim com o autor deste livro fielmente testemunhal, cujos eventos que o recheiam, se mantêm actualíssimos e a acrescerem aos que há 25 anos ele próprio justamente protagonizou ou co-exaltou ao raiar da aurora da liberdade, essa mesma que já este ano festejámos e esteve quase a redundar num fracasso terrível quando as toupeiras do ódio correram Seca e Meca no intuito de a verter no sinónimo pulha da democracia das estepes, onde «a alegria era a principal característica», de acordo com a asserção cínica do seu «Big Brother» em 1935.

«O poeta escreve para o mundo, sobretudo quando não escreve ao gosto do mundo» — sentenciou Lessing. Porfírio P. Silva é também poeta de mérito, já reafirmado em cinco obras. Embora aqui convivamos apenas com o prosador-narrador omnisciente, aplica-se-lhe com justiça o dito de Lessing. Não foi, com efeito, o desejo de agradar que lhe moveu a pena, até porque algumas verdades podem amargar. Escreveu, sim, para o mundo, para a história. São estas abordagens que possibilitarão um dia as grandes visões de conjunto, nas quais a imparcialidade e objectividade ressaltarão finalmente por sobre todas as ambiguidades e desmemorias que teimam ainda em impor-se-nos ou impingir-nos.

CHAMARAM-ME MUXICONGO, contributo valioso com que Porfírio P. da Silva, ilustre universitário e Presidente da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Alto Minho, marca novamente presença nas Letras, vem, portanto, na hora certa, qual a das comemorações do 25 de Abril levadas brilhantemente a efeito pelas forças vivas e povo de Viana do Castelo, em louvor dos cinco lustros festivos, neste ano solenemente comemorativo.

AMADEU TORRES (CASTRO GIL)

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«O poeta escreve para o mundo, sobretudo quando não escreve ao gosto do mundo» — sentenciou Lessing. Porfírio P. Silva é também poeta de mérito, já reafirmado em cinco obras. Embora aqui convivamos apenas com o prosador-narrador omnisciente, aplica-se-lhe com justiça o dito de Lessing. Não foi, com efeito, o desejo de agradar que lhe moveu a pena, até porque algumas verdades podem amargar. Escreveu, sim, para o mundo, para a história. São estas abordagens que possibilitarão um dia as grandes visões de conjunto, nas quais a imparcialidade e objectividade ressaltarão finalmente por sobre todas as ambiguidades e desmemorias que teimam ainda em impor-se-nos ou impingir-nos.

AMADEU TORRES

(Castro Gil)

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