Prefácio
O conto tem ascendência plebeia.
Nasceu no meio do povo e, na maioria dos casos, ao serão do borralho.
Só mais tarde, se matriculou na escola, onde definiu regras e estabeleceu acordos.
“Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto” … e, arranjo aqui, aperfeiçoamento acolá, tecidos com paciência e sabedoria, surgiram contos, histórias e lendas, nos diversos espaços regionais.
A vida é uma grande escola, onde todos os ramos de aprendizagem encontram parâmetros de desenvolvimento.
Assim, ao lado do folclore e da etnografia, da música e da culinária, aparecem-nos a poesia ea literatura, com pergaminhos bem vincados.
Por isso, não há região que não se orgulhe do cancioneiro e do lendário que construiu.
A Riba Lima não é excepção.
O que a escola lhe não deu foi o alto-minhoto buscá-lo, ao labor diário do contacto com a natureza.
Algumas destas histórias, com criatividade e esmero de frase, foram respigadas para este livro de contos.
Procurou-se fazer-lhes o registo,em ordem à posteridade.
Oxalá, se haja conseguido.
Excertos
O Matoso era um homem descomunal.
Alto e espadaúdo, quase media dois metros de altura, desde os potentes calcanhares até à arredondada cabeça, onde, por vezes, ainda encaixava um avantajado chapéu, de aba mexicana.
Mas, se a altura sobressaía, a gordura da barriga, demasiadamente esventrada, também dav a nas vistas.
Valia-lhe, na circunstância, um forte e largo cinto de cabedal, a meter na ordem enxúdias e gorduras, calças e banhas.
Nele, tudo era em grande.
(…)
in “Matoso e a Guarda”
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