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Dom Francisco de Lima e o Padroado das Igrejas do Alto Minho – Separata de Terra de Val de Vez nº 9

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Conheça o autor

"Natural da Póvoa de Varzim, reside na freguesia de Vila Mou, Viana do Castelo, desde 1968. Sacerdote católico, ordenado em 1965, na Sé de Braga, é pároco das freguesias de Vila Mou e de S. Salvador da Torre. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi professor de História do Ensino Secundário e da Universidade Católica, encontrando-se aposentado. A última escola em que leccionou foi a Escola EB 2,3 / S de Lanheses. É autor de numerosas obras de investigação histórica sobre Viana do Castelo e o Alto-Minho. Foi agraciado como "Cidadão de Mérito" pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, em 1999."
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“2. Após a inclusão da Comarca Eclesiástica de Valença na Diocese de Braga, em 1514, gerou-se, em todo o Alto-Minho, um movimento do padroado leigo das igrejas e mosteiros. De facto, como vimos, a multiplicidade de padroeiros precipitou uma crise grave nesta instituição, sendo causa de inúmeras queixas e prejudiciais dilações no preenchimento das vagas surgidas por morte ou transferência dos párocos. Tornava-se necessário reduzir o número de padroeiros através da concentração na mão de alguns.
Foi inspirador desta campanha o próprio arcebispo D. Diogo de Sousa (1505-1532), que não deixou escapar a ocasião para enriquecer o padroado da Mitra com novas aquisições. A única condição, que o Arcebispo punha ao confirmar as respectivas doações, era a inexistência de simonia. Em todas as actas sobre o assunto aparece bem expressa esta preocupação.
Quem aproveitou a ocasião foram os nobres da região. Valendo-se da sua influência e prestígio, através de favores e benesses, numa tarefa persistente e morosa, contactando consortes de todas as condições e residentes nas mais diversas terras, alguns no estrangeiro e outros nas Ilhas e Brasil, movimentando, entre testemunhas e notários, numerosos amigos, foram reunindo os elementos indispensáveis ao processo de confirmação. O direito de apresentação transferia-se por escritura de doação, necessitando, para surtir efeito, a confirmação do prelado respectivo.
O nobre Alto-Minhoto, que mais se empenhou no movimento, foi D. Francisco de Lima. Segundo visconde de Vila Nova de Cerveira, alcaide-mor de Ponte de Lima, senhor de direito e em herança de várias terras desta região, fidalgo de mentalidade rural, encontrou nesta acção uma ocasião para alargar a sua influência e prestígio a uma esfera que andava arredada do sue mando.
Não se pode provar que o padroado trouxesse, directamente, benefícios materiais aos utentes. Pelo contrário, ficavam obrigados a certas obras de restauro e consevação nos edifícios das igrejas, mormente capelas-mores, e ao mesmo , a munir o sacerdote de alfaias litúrgicas. Contudo, ao escolherem o clérigo para exercer o múnus sagrado, podiam favorecer os seus familiares e membros da sua clientela. Sabe-se que algumas paróquias do Alto-Minho detinham um rico património fundiário e não menor montante de rendas de altar.
Por outro lado, a escolha de párocos da sua confiança facilitava o exercício das missões administrativas de que estava incumbido e a real efectivação do seu domínio senhorial, uma vez que os curas tornaram-se os melhores mentores das populações rurais. Reter o direito de padroado significava submissão da autoridade e da população, mesmo para fins militares e de defesa dos seus interesses. A humilhação dos seus adversários políticos e a submissão da autonomia concelhia sempre estiveram na mente dos membros desta família. (Pág. 16 e 17)

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