Excertos
1
Os espigueiros, canastros ou caniços, assim chamados, dependendo da sua implantação geográfica, (na Galiza são denominados hórreos) sempre foram, desde que me lembro de ter memória, motivo de encantamento.
Quando era criança, olhava com algum receio aquelas construções isoladas e silenciosas impregnadas de mistério, escondendo no seu interior “grandes segredos”… era assim que eu pensava.
(…)
2
Todos os dias, depois da saída da escola, (ala que se faz tarde), fosse no pino do Verão, e aí então é que era!…, com os dias sem fim, ou na “tristeza” do Outono ou do Inverno, depois da mãe obrigar a engolir, à pressa, a parca merenda, um PÃO de TRIGO e cevada ou café, quando o havia. Era só agarrar na lata do leite e largar em correria a caminho da “Quinta”.
9
Afinal, não era nada disto que eu pensava escrever. Era simplesmente sobre os caniços, canastros ou espigueiros, depois principiei a divagar, os espigueiros arrastaram para a memória as lembranças do Pão, e como já vivi bastantes anos, o Pão, traz-me à mente mil e uma estórias, que vou desfiando, tristes umas, alegres outras. Assim, vou escrevendo ao sabor das recordações, e depois logo se verá o resultado que daqui vai sair.
Estórias tristes, são todas aquelas que têm relação com os anos de miséria e de extrema carência de Pão. Alegres, as que fazem recordar gente bonita, pessoas generosas, que não tenho pejo em misturar com sabores e aromas, porque dessa amálgama saiu o fermento que levedou em mim e muito contribuiu para formar aquilo que hoje sou e sinto.
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