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Fundação da Fábrica de Louça de Viana

A publicação de seis páginas, ao que tudo indica separata de uma obra maior, é toda ela um estudo intitulado “A Fundação da Fábrica de Louça de Viana (1774) e as exportações de Louça e de Barro através do Porto de Viana do Castelo de 1772 a 1785”. Portanto, dá a conhecer, não de forma exaustiva, antes colocando a tónica nos pontos principais, a história da Fábrica da Louça de Viana.

Recuando aos primórdios da fundação da Fábrica de Louça de Viana, Matos Reis ancora a origem da fábrica, em larga medida, na política pombalina que tinha em vista libertar o país da crise em que estava imerso desde 1768, fomentando o fabrico nacional, proibindo a importação de determinados tipos de louça e oferecendo isenções como a do pagamento de direitos de saída do país. Nessa medida, a fábrica então criada em Viana do Castelo, com localização no Cais Novo, em Darque, oferecia boas condições para o escoamento dos produtos, o que não passara despercebido aos seus fundadores, os quais se tinham dado conta de o local ser um excelente entreposto de escoamento de outros tipos de louça provenientes de várias regiões do país e da Galiza, ao que se adiciona a existência de matéria- prima de óptima qualidade na região – argilas de Alvarães, entre elas o caulino.

O ensaio, apoiado em registos recolhidos da Alfândega de Viana, que o autor adverte para o facto de serem incompleto e, por isso, não possibilitarem uma visão totalmente fidedigna, patenteia também uma análise do movimento da exportação de louça entre 28 de Abril de 1772 e 20 de Junho de 1785, os seus principais destinos (além do produto destinado a consumo local – casas nobres e ricas da região – outro tinha como local de venda a Galiza: Pontevedra, Vigo e outras localidades do outro lado do rio Minho, estendendo-se, posteriormente, até ao Brasil e à Ilha da Madeira), os tipos de mais exportados e a alteração nas preferências dos compradores: da louça de Prado, louça vidrada, louça grossa, louça branca, louça grossa de Figueira, louça branca de Figueira…, paulatinamente dar-se-á primazia, pelas suas características e elevada qualidade, à louça proveniente da Fábrica de Viana que se imporá nos tradicionais mercados daquelas, conquistando uma elite económica, apreciadora de faianças de fabrico apurado.

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Conheça o autor

"António Matos Reis nasceu nos arredores de Ponte de Lima, em 21 de Abril de 1943, e reside e trabalhou em Viana do Castelo, desde 1975 até à data de aposentação. É mestre em História pela Universidade do Minho, apresentando uma dissertação em História Medieval, posteriromente publicada em 1991, com o título "Origem dos Municípios Portugueses". Tal obra veio a tornar-se uma referência obrigatória para quantos se debruçam sobre a história do municipalismo em Portugal. Obteve o doutoramento, em 2004 com a defesa de tese sobre "Os Concelhos na primeira dinastia". Especializou-se em Museologia, na U.I.A. de Florença, em 1977, e pós-graduou-se em Estudos Especiais de História e Crítica de Arte, na mesma Universidade, em 1984. A sua actividade profissional repartiu-se até à data de aposentação, entre o ensino secundário oficial (1966 - 1999) e a direcção do Museu Municipal de Viana do Castelo (1989 - 2006). Neste museu exerceu o cargo de Conservador. Foi também Director do Departamento de Desenvolvimento Económico, Social e Cultural da Câmara Municipal de Viana do Castelo, desde 10 de Maio de 1990 até 31 de Dezembro de 1993. Tem exercido funções de direcção em várias associações: Vice-Presidente e depois Presidente da Direcção do Centro de Estudos Regionais; Secretário-geral e depois Vice-Presidente do Instituto Cultural Galaico‑Minhoto; sócio fundador e membro da Comissão Instaladora do Instituto Limiano - Museu dos Terceiros; sócio fundador, membro da comissão instaladora e Presidente da Direcção da Associação de Jornalis­tas e Homens de Letras do Alto Minho. É membro de várias associações, entre as quais se destacam: a Sociedade Portuguesa de Estudos Medie­vais; a Sociedade de Museologia, de Florença; o ICOM (International Council of Museums); a APOM (Associação Portuguesa de Museologia); a ASPA; a APH; a APAC. Foi Presidente da Comissão Organizadora das IV Jornadas Regionais sobre Monumentos Histórico‑Militares (Valença, 1984); membro da Comissão Organizadora do Congresso sobre a Ordem de Cister em Espanha e Portugal (Ourense, 1992) e da Comissão Organizadora do V.º e do VI.º Colóquios Galaico-Minhotos (Braga, 1994; Ourense, 1996). Reorganizou o Arquivo Histórico da Misericórdia de Ponte de Lima, e promoveu a publicação do respectivo catálogo. Em 1995, fez o levantamento do Património Cultural, situado entre Caminha e Esmoriz, para o Plano de Ordenamento da Orla Costeira. É autor de cerca de centena e meia de títulos, entre livros, estudos e artigos publicados em diversas revistas. Proferiu já várias conferências, em congressos e colóquios, em Portugal e no estrangeiro. Por deliberação unânime de 27 de Janeiro de 1997, a Câmara de Ponte de Lima atribuiu-lhe a "Medalha de mérito cultural" que lhe foi entregue no dia 4 de Março do mesmo ano, na sessão solene comemorativa da fundação da vila."
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A FUNDAÇÃO DA FÁBRICA DE LOUÇA DE VIANA (1774) E AS EXPORTAÇÕES DE LOUÇA E DE BARRO ATRAVÉS DO PORTO DE VIANA DO CASTELO DE 1772 A 1785

“Quando se faz a história da Fábrica de Louça de Viana, que funcionou de 1774 a 1855, é usual explicar as sus origens, inserindo-a no conjunto das empresas, cujo nascimento se deve, pelo menos em grande parte, ao fomento industrial, que corresponde à segunda fase da política económica do despotismo esclarecido, com que o Marquês de Pombal procurou responder à crise que afectava o país desde 1768. A essa política se deve um alvará publicado em 1770, para estabelecer medidas de protecção para as fábricas de louça já instaladas ou que viessem a instalar-se no país. Das disposições proteccionistas consignadas no alvará constavam a proibição de importar louça estrangeira, com excepção da que fosse transportada da Índia ou da China em navios portugueses, e a concessão a toda a louça de fabrico nacional da isenção do pagamento de direitos de saída do país. Desta protecção beneficiou naturalmente a fábrica de louça de Viana do Castelo, entre muitas outras, já existentes ou então fundadas, sobretudo em Lisboa e no Porto, sinal de que este ramo industrial prosperava.

Outros factores contribuíram também para o aparecimento da fábrica de louça de Viana, e até para a sua localização.

A fábrica de cerâmica esmaltada de Viana do Castelo estava implantada no lugar do Cais Novo, da freguesia de Darque, na margem sul e muito próximo do leito do rio Lima, no ângulo sudoeste do cruzamento da via de acesso às instalações da seca do bacalhau com o caminho-de-ferro. Essa localização foi escolhida, naturalmente, porque de todas as possíveis era aquela que permitia o embarque mais fácil, para sair por mar ou rio acima, e não tinha o problema de atravessar este (a ponte ainda não existia) para chegar às diversas terras situadas na província do Minho a sul do rio Lima.

Outra das razões que contribuíram para o aparecimento da fábrica e sua localização foi a existência de matéria-prima: na proximidade existem barros de excelente qualidade – as argilas de Alvarães, e arredores, onde o caulino se encontra em elevado grau de pureza, mas até do que é requerido para tal espécie de louça.

Outro factor que contribuiu para a instalação da fábrica foi o conhecimento, por parte dos seus fundadores, das capacidades e apetências do mercado. Ali mesmo, no cais de Viana, embarcavam-se quantidades de louça provenientes de outros lugares do país, sobretudo para a Galiza, também se descobriam as potencialidades do mercado brasileiro.”

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