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Itinerário de Braga a Roma

Publicação de trinta e seis páginas, na qual é apresentada, logo após a introdução, a tradução do original latino do itinerário percorrido por D. Frei Bartolomeu dos Mártires, aquando da sua participação na última fase do Concílio de Trento, com base no Diário escrito pelo referido bispo: viagem de Braga a Trento; viagem de Trento a Roma e de Roma a Trento; e viagem de regresso a Portugal. Entremeando a tradução, surgem algumas páginas com a cópia do original latino.

Na Introdução, são relatados dados sobre a data de divulgação da realização da última fase do Concílio de Trento; a resposta positiva de Frei Bartolomeu à convocatória do Sumo Pontífice; a data de saída de Braga e a comitiva que acompanhava o prelado português; o modo como este ocupou o tempo que passou em Itália até à abertura do Concílio; data de regresso; anotações que D. Frei Bartolomeu foi registando ao longo da viagem; a importância que é atribuída ao Diário do prelado pelos seus biógrafos; o texto que António Matos Reis utiliza para a tradução do itinerário da viagem.

Todo o restante texto é, como já se salientou, a tradução do texto do itinerário seguido por D. Frei Bartolomeu dos Mártires desde que sai da sua sede episcopal, até que a ela regressa. Cada uma das três etapas de que o Diário nos dá notícia inicia-se com a designação de “Jornada”, seguida de um número, por ordem sequencial, principiando no primeiro algarismo (1) e terminando, no caso da viagem entre Braga e Roma, na Jornada quarenta e nove; no caso da viagem de Roma a Trento e de Trento a Roma, na que seria a jornada doze o autor prefere a designação de “último dia”) para prosseguir novamente com a “Jornada 1”, até à dezasseis; já na viagem de regresso a Portugal, D. Frei Bartolomeu elenca um total de sessenta e quatro jornadas. Após a atribuição de um número de ordem à jornada, segue-se a data em que tal ocorreu, por vezes com menção do dia da semana e localidades por onde passou. Em certos casos, o autor não se queda pela simples enumeração dos locais de passagem, acabando por registar mais algumas informações sobre os mesmos (distância a que se encontra de uma localidade de maior importância, terras circunvizinhas, acidentes geográficos próximos, refeição tomada) ou, como acontece noutros casos, indica monumentos, factos e personalidades ilustres associadas à localidade, bem como usos e costumes locais e outras informações de cariz religioso.

Na última página da publicação pode ver-se um mapa legendado, contendo todo o itinerário percorrido pelo arcebispo de Braga.

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Conheça o autor

"António Matos Reis nasceu nos arredores de Ponte de Lima, em 21 de Abril de 1943, e reside e trabalhou em Viana do Castelo, desde 1975 até à data de aposentação. É mestre em História pela Universidade do Minho, apresentando uma dissertação em História Medieval, posteriromente publicada em 1991, com o título "Origem dos Municípios Portugueses". Tal obra veio a tornar-se uma referência obrigatória para quantos se debruçam sobre a história do municipalismo em Portugal. Obteve o doutoramento, em 2004 com a defesa de tese sobre "Os Concelhos na primeira dinastia". Especializou-se em Museologia, na U.I.A. de Florença, em 1977, e pós-graduou-se em Estudos Especiais de História e Crítica de Arte, na mesma Universidade, em 1984. A sua actividade profissional repartiu-se até à data de aposentação, entre o ensino secundário oficial (1966 - 1999) e a direcção do Museu Municipal de Viana do Castelo (1989 - 2006). Neste museu exerceu o cargo de Conservador. Foi também Director do Departamento de Desenvolvimento Económico, Social e Cultural da Câmara Municipal de Viana do Castelo, desde 10 de Maio de 1990 até 31 de Dezembro de 1993. Tem exercido funções de direcção em várias associações: Vice-Presidente e depois Presidente da Direcção do Centro de Estudos Regionais; Secretário-geral e depois Vice-Presidente do Instituto Cultural Galaico‑Minhoto; sócio fundador e membro da Comissão Instaladora do Instituto Limiano - Museu dos Terceiros; sócio fundador, membro da comissão instaladora e Presidente da Direcção da Associação de Jornalis­tas e Homens de Letras do Alto Minho. É membro de várias associações, entre as quais se destacam: a Sociedade Portuguesa de Estudos Medie­vais; a Sociedade de Museologia, de Florença; o ICOM (International Council of Museums); a APOM (Associação Portuguesa de Museologia); a ASPA; a APH; a APAC. Foi Presidente da Comissão Organizadora das IV Jornadas Regionais sobre Monumentos Histórico‑Militares (Valença, 1984); membro da Comissão Organizadora do Congresso sobre a Ordem de Cister em Espanha e Portugal (Ourense, 1992) e da Comissão Organizadora do V.º e do VI.º Colóquios Galaico-Minhotos (Braga, 1994; Ourense, 1996). Reorganizou o Arquivo Histórico da Misericórdia de Ponte de Lima, e promoveu a publicação do respectivo catálogo. Em 1995, fez o levantamento do Património Cultural, situado entre Caminha e Esmoriz, para o Plano de Ordenamento da Orla Costeira. É autor de cerca de centena e meia de títulos, entre livros, estudos e artigos publicados em diversas revistas. Proferiu já várias conferências, em congressos e colóquios, em Portugal e no estrangeiro. Por deliberação unânime de 27 de Janeiro de 1997, a Câmara de Ponte de Lima atribuiu-lhe a "Medalha de mérito cultural" que lhe foi entregue no dia 4 de Março do mesmo ano, na sessão solene comemorativa da fundação da vila."
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Prefácio

INTRODUÇÃO

O Sumo Pontífice Pio IV convocou a última fase do concílio de Trento em 29 de Novembro de 1560, sendo a convocatória divulgada em Portugal no início do ano seguinte.

D. Frei Bartolomeu dos Mártires, embora apenas há ano e meio tivesse iniciado as lides pastorais na Arquidiocese de Braga, sentiu partir com toda a prontidão, de modo a chegar à cidade tridentina a tempo de participar no início dos trabalhos.

Com um reduzida comitiva, saiu de Braga no dia imediato ao Domingo da Paixão, em 24 de Março de 1561, atravessou a sua extensa arquidiocese até ao limite de Trás-os-Montes e seguiu pela Espanha, até Irun, e depois pela França e pelo Norte de Itália, chegando a Trento em 18 de Maio do mesmo ano.

Dificuldades de várias ordens protelaram a abertura do Concílio até 18 de Janeiro de 1562. D. Frei Bartolomeu dos Mártires aproveitou algum tempo de espera para se deslocar a Veneza, regressando, como bom português, pela cidade de Pádua, onde assistiu à festa de S. António.

Antes de concluído o Concílio, o Arcebispo, na companhia de outros prelados, visitou Roma e o Santo Padre, fazendo a viagem de 17 de Setembro a 31 de Outubro de 1563.

Encerrado o Concílio no dia 4 de Dezembro, logo no dia 8 D. Frei Bartolomeu, com a sua comitiva e alguns outros acompanhantes, se pôs de novo a caminho de Portugal, adoptando um trajecto diferente do primeiro, tendo chegado a Braga em 26 de Fevereiro de 1564.

Durante as viagens foi registando, num diário, o nome das localidades onde pernoitava, com frequência o daquelas onde tomava as refeições, a meio da jornada, e as distâncias percorridas, anotando, aqui e além, alguns incidentes do percurso e tomando algumas notas relativas aos lugares atravessados.

Este Diário, já aproveitado pelos seus biógrafos Feri Luís de Cácegas e Frei Luís de Sousa, constitui um valioso documento para o conhecimento dos itinerários seguidos nas viagens entre Portugal e o resto da Europa e especialmente entre Portugal e a Itália, pelo que interessa proceder ao seu estudo.

Começar-se-á pela tradução do original latino para a língua portuguesa, deixando para depois a sua análise e comentário.

O texto utilizado é o da Opera Omnia de D. Frei Bartolomeu dos Mártires.

Excertos

“Jornada 12 – Dezembro 20, segunda-feira, contadas ao todo cinco léguas, chagámos à ameníssima cidade de Génova (a Bela), e assim, ultrapassada a Lombardia, vimos um espaço que se estendia por sete a oito léguas, entre montes abruptos, penedias e rochedos, tão abundante em produção de castanhas, que é o pão comum aos homens e aos gados, nem a ouro alimento estão habituados, quer os moradores, quer os operários, senão ao feito com estas castanhas, rapidamente cozidas e esmagadas, nem as acompanhavam com algum pão ou vinho, mas alimentavam-se com esta comida e do próximo rio traziam a água para matar a sedeimos nesta cidade um prato em que o Senhor comeu o cordeiro na Última Ceia, que se guarda na Igreja Maior com doze chaves, guardadas pelos doze primazes da cidade. Este prato é de valor inestimável, mesmo quanto à matéria, porque é todo de esmeralda puríssima, e é fama que esse vaso estivera entre as riquezas de Salomão, e pertencia quando Jesus fez a Última Ceia, àquele homem rico de quem era o Cenáculo: não é impossível que o Senhor comesse em tão preciosa bandeja o Cordeiro segundo a Lei assado nessa noite.

Cheguei a Génova na vigília de S. Tomé Apóstolo, e hospedei-me com toda a comodidade no nosso Convento de Santa Maria do Castelo, com todos os meus familiares, e permaneci aí até ao Natal do Senhor e primeiro dia da oitava.

No dia de S. Estêvão, 26 de Dezembro de 1563, embarcámos numa nave, conjuntamente com o Embaixador Português, D. Fernando de Mascarenhas, e o Bispo de Leiria, D. Frei Gaspar do Casal, da Ordem de Santo Agostinho; durante todos os dias 26, 27, 28 e 29 de Dezembro fizemos o mesmo caminho, que é de trinta e duas léguas, entre Génova e Nice, nos primeiros três dias não sem perigo da vida e tédio, e no último, ou quarto dia, deixada a nave, vimo-nos forçados a prosseguir viagem por terra. Assim.”

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