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ISBN | 978-972-8729-17-2 |
Prefácio
(…) O presente livro é feito de lances, mais que da escolha de palavras. São assim contadas (com o coração nas mãos) as histórias verdadeiras, aquelas quev emanam com a tal dolorida profundidade que marcam as palavras com ânsia de existir.
É pois uma busca do ser das pessoas e das coisas, tudo emergido em espaços e tempos que o tempo e os homens calcinaram até mais nada restar do que cinzas pairando na memória e pousando apelativamente, no coração. (…) Nada é virtual (ou retocado) nestas páginasd. Delas emana um ressaibo de vida (ou morte) de alegria (ou sofrimento), de esperança (ou desalento) que se desprende das palavras e fica, apelativo ou suspenso, eternizando-se, agora transmutado numa essência intemporal e irredutível.
Sara Maria Tiago, a autora, não escreveu palavras, mas semeou sentimentos ao longo das páginas brancas (…) E mostra que o importante é o que parece trivial, se grava indelével, e foge aos contornos das palavras, mas inscreve nelas um não-sei-quê de pungente, de pessoal, de humano!
Fernando Melim
Outros
Badanas
Excerto de Prefácio e fotografia, biografia e bibliografia da autora.
Contra capa
Miniatura da foto da capa.
Excertos
Uma criança e um dia
– Luisinha! Luisinha!…-Inclinada, a madrinha abana-a docemente-Luisinha…são horas!
-Hum-Grunhe aloira criança, dando molemente uma volta para a parede.-Deixa-me dormir, anda, que maçada!
– São horas, já aqui tens o leitinho.
-Pronto, deixa-o aí…Eu já tomo-E a cabeça aconchegou-se mais no travesseiro. Mas, de repente:
-Ah! o meu triciclo!-E, ante o olhar atónito da madrinha, salta da cama e corre para o escritório. Num pulo, está no canto mais escuro e, de mãos no chão, cabeça muito esticada, espreita para debaixo do velho sofá:-Não está!…Oh!
-Que foi? Que despropósito é esse?
Não vês que te podes contispar?
-O meu triciclo? O meu triciclo?
-Que triciclo?
-Ela disse-me, pronto!E não está. Quem mo tirou?
-Que triciclo?
-Ela disse-me,pronto! E não está. Quem mo tirou?
-Que triciclo? Quem te disse?
-Ela, a fada, esta noite, disse-me que viesse buscá-lo ao acordar, aqui.
-Ó Luisinha, tu sonhaste, não há triciclo nenhum. Anda, vem tomar o leitinho, lavar-te, vestir e pentear.
Tem seis anos a garota e fazê-la levantar para ir para o colégio é um problema, problema facilmente resolvido, neste dia,pela miragem do lindo triciclo, novinho em folha, rodas a reluzir…
(…)
Luísa em casa dos Furtado.
Luísa crescera com os Furtado. Aos donos da casa, depois do ensaio frustrado de serem apelidados de pai e mãe, trataria por Quinzinho e Mijé, nomes que eles davam entre si. Além da irmã da dona da casa, D.Margarida, realmente sua madrinha, havia uma outra pessoa, a verdadeira filha do casal, Mina, que era já moça de dezanove anos, quando chegou Luísa, com poucos meses de idade. Todos a animavam, demasiadamente. Dormir, dormia com a madrinha. Esta, senhora solteira, deabulara sucessivamente pelos lares de irmãos e cunhados, na companhia da mãe de todos eles, depois que ela enviuvara, vira-os tombar um a um; deixara algures a velha mãe pelo caminho e caíra ali, no último reduto, carecida de afectos, apegou-se à pequenina, que tão a propósito aparecera também.
(…)
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