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Ora di djunta mon tchiga (é a hora de darmos as mãos)

É um livro a preto e branco, constituído por 33 poemas, escritos entre 2001 e 2005 em Cacheu, Bissau e Viana. É ilustrado por belíssimas fotografias que correspondem exactamente aos referentes dos textos.

São poemas motivados pela experiência e vivências guineenses do poeta.África, Guiné é assim pretexto para exprimir o que sabe e o que sente, como está bem patente no lindíssimo poema “” África preciso de ti”. Mas África é também pretexto para o poeta nos levar a seguir o percurso dos sentidos : a visão das paisagens paradisíacas; a beleza incontestável das mulheres de Cacheu; a húmida quentura do sol africano; a sonoridade do mar, dos insectos e das aves; os aromas, os cheiros de África. A natureza africana está erótica e sensualmente representada nos poemas ´Há tão lindas mulheres em Cacheu” e ” Na praia Varela”

Mas o poeta é suficientemente inquieto para se ficar só pela comtemplação da natureza e emerge, então, uma lírica em que é invadido pela dúvida, pela impotência e pela desesperança, como no poema” Despacienta-me intruso” ou num outro, talvez dos mais bem conseguidos ” É quase noite” em que há uma busca desesperada de sentidos, de razões que leva o poeta a questionar-se -“Que faço em África? Que construo? Construo?!

Mas estas dúvidas, esta impotência são, afinal, aparências falsas porque o grande fio condutor da quase totalidade destes poemas é, sem dúvida, a esperança.O poeta só se realizará neste mundo quando uma parcela de si, que é África, for feliz. E o poeta acredita na mudança.No poema “Mesmo quando o rio é imenso” todo o léxico é escolhido para exprimir a mensagem da esperança na mudança. A esperança “mesmo quando o rio é imenso”; mesmo quando a distância que nos separa de África é um oceano; mesmo quando os homens retardam as soluções que se impõem.

É preciso dizer que José Luís Carvalhido da Ponte é um homem de projectos-afectos em que a solidariedade é a letra de forma, Assim, a totalidade da receita da venda deste seu livro, lançado em Julho de 2006,reverteu a favor da Plataforma Guiné-Bissau , de que ele é o grande impulsionador, e que se encontra a angariar fundos para vários projectos na Guiné, entre eles a construção de uma pequena maternidade.

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Conheça o autor

"Agosto de 49. Dia 17. Ainda a manhã se não anunciava e já minha mãe, pesada e em fim de tempo, atravessava o vau do Lima, no embarcadouro do Pinheiro, em Stª Marta de Portuzelo. Ia, com meu pai, carregar um carro com mato, em Mazarefes. O tempo esvaía-se, asinha, e o sol prometia já torresmos. No cocuruto, em contorções, pedia mais paveias. Urgia carregar rápido e ajudar o Luís. Mas as dores engordavam angústias pelo que apressou a descida e com uma tia minha, a Xica, rumou a casa. Era noitinha quando eu nasci. Depois percorri costumeiras veredas: fiz a Primária com o Professor Almeida Fernandes e a catequese com o Padre Albino; fui seminarista em Braga, empregado de escritório na Auto-Lima e na Viúva José de Sousa, funcionário no MDP; mandaram-me para a guerra onde fui enfermeiro e estive na Guiné, no Xime e em Mansambo; fiz filosófico-humanidades na Católica de Braga e, mais tarde, só Humanidades. Quis-me professor.
E cá estou, na Secundária de Monserrate, quase em fim de tempo também. Recordo a Secundária dos Arcos, a de Stª Maria Maior e a das Cavaquinhas, no Seixal ... onde colhi e semeei afectos. Coordeno a Edição do PROFORMA (Boletim do Centro de Formação Contínua de Viana do Castelo), a Associação de Cooperação com a Guiné-Bissau, a construção da BIVAM (Biblioteca Virtual do Alto-Minho) e, com a Lai, sou responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral da Família (Viana). Tenho dois filhos e uma NETA, a Maria. Tenho muitos amigos. Sou feliz! "
Autor:

Concelho do autor:

Editora:

Data de Edição:

Local de Edição:

ISBN

972-97195-5-1

Apresentação Gráfica/Paginação

Fotografia

Badanas

Bibliografia do autor

À Procura do Tempo (poesia), 1980, edição do autor.

A água como metáfora de Liberdade, prefácio de Um Fio de Música de Alfredo Reguengo, 1987, Biblioteca Municipal de Viana do Castelo.

Cronogramas (poesia), 1996, Edição da Junta de Freguesia da Meadela.

O texto poético e as suas potencialidades, in Actas do 2º encontro de professores de português, 1997, Areal Editores.

Cinco motes para um memorial/Separata dos Cadernos Vianenses, 2000, Ed. Câmara Municipal de Viana do Castelo.

Variações em Sílaba Aberta (poesia), 2001, Edição da Junta de Freguesia da Meadela.

Quatro palavras para um epílogo -posfácio do livro PALAVRAS…de Sofia Figueiras e Filipa Machado, 2003, Edição da Junta de Freguesia da Meadela.

Carta Aberta à amiga Adelaide Graça (notas avulsas, em jeito de incompleto prefácio), 2005, Ed. Setecaminhos.

Excertos

na praia Varela

São quase dez da manhã.
Um enorme sol nos aquece
e o mar banha,
num vai-vém sereno,
as negras areias
da praia Varela.
Da floresta ao lado,
vêm a mim os ralos e os grilos,
numa sinfonia estranha
de harmónicos trilos.
Mais incerto,
no meu interior deserto,
um oceano de sons
flui
no voo fogoso
de aves exóticas.
E um imenso cheiro de África
me possui,
inebriante e ameno,
como um vinho generoso

Dois katchu-kaleron,
num erótico bailado de fogo,
ensaiam um ritual solidário
e das esguias palmeiras
pendem os ninhos
em cachos de intenso cio.
E uns-alguns,
ensimesmados na fome,
passam, lá fora,
na outra margem de mim,
e na indecisa magreza do nome,
arrastam a impossibilidade da Hora,
amarga e sem fim.

há tão lindas mulheres em Cacheu!

Há tão lindas mulheres em Cacheu!
São manjacas, felupes e balantas
e tantas outras-tantas!

Passeiam, sem limites,
os ventres e os seios,
semi-desnudas,
e gingam as coxas
num sorriso de apetites.

Bom dia, zé!

(Meu Deus!)

Bom dia!

é quase noite

Nos intensos sons da tarde
perturbam-me longínquos afectos.
Que faço em África?
Que construo?
Construo?!

Como me desacerta
tudo o que faço.
Passo a passo
caminho um caminho de dúvidas.
Sinto-me perdido.
Aguardo
uma qualquer porta aberta
que me permita sair
desta necessidade
de arcar tarefas impossíveis.

Mas os olhos das crianças
não me deixam.
Mas os omi garandis
de todas as moransas
erguem-me as mãos.

E eu que não sou Deus!
E eu árido de respostas!
E eu vazio de verdades!
E eu que apenas sou África
nos entretantos das minhas
comodidades!

É quase noite
nos intensos sons da tarde
onde arde
a dislalia dos meus afectos.

Contra capa

Agosto de 49. Dia 17. Ainda a manhã se não anunciava e já minha mãe, pesada e em fim de tempo, atravessava o vau do Lima, no embarcadouro do Pinheiro, em Stª Marta de Portuzelo. Ia, com meu pai, carregar um carro com mato, em Mazarefes. O tempo esvaía-se, asinha, e o sol prometia já torresmos. No cocuruto, em contorções, pedia mais paveias. Urgia carregar rápido e ajudar o Luís. Mas as dores engordavam angústias pelo que apressou a descida e com uma tia minha, a Xica, rumou a casa Era noitinha quando eu nasci. Depois percorri costumeiras veredas: fiz a Primária com o Professor Almeida Fernandes e a catequese com o Padre Albino; fui seminarista em Braga, empregado de escritório na Auto-Lima e na Viúva José de Sousa, funcionário no MDP; mandaram-me para a guerra onde fui enfermeiro e estive na Guiné, no Xime e em Mansambo; fiz filosófico-humanidades na Católica de Braga e, mais tarde, só Humanidades. Quis-me professor. E cá estou, na Secundária de Monserrate, quase em fim de tempo também. Recordo a Secundária dos Arcos, a de Stª Maria Maior e a das Cavaquinhas, no Seixal … onde colhi e semeei afectos. Coordeno a Edição do PROFORMA (Boletim do Centro de Formação Contínua de Viana do Castelo), a Associação de Cooperação com a Guiné-Bissau, a construção da BIVAM (Biblioteca Virtual do Alto-Minho) e, com a Lai, sou responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral da Família (Viana). Tenho dois filhos e uma NETA, a Maria. Tenho muitos amigos. Sou feliz!

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