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Os Arcebispos de Braga e o Desenvolvimento Mercantil de Viana na Época Quinhentista

Três aspectos se destacam na história quinhentista de Viana: o desenvolvimento económico, o crescimento populacional e uma certa descristianização.

Neste ensaio, o seu autor aborda estes três aspectos e a resposta da Igreja, no quadro da então vila de Viana, aos vários desafios provocados por estas mudanças, numa época de evangelização das novas terras da América, África e Ásia, da reforma protestante e do renascimento europeu.

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Conheça o autor

"Natural da Póvoa de Varzim, reside na freguesia de Vila Mou, Viana do Castelo, desde 1968. Sacerdote católico, ordenado em 1965, na Sé de Braga, é pároco das freguesias de Vila Mou e de S. Salvador da Torre. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi professor de História do Ensino Secundário e da Universidade Católica, encontrando-se aposentado. A última escola em que leccionou foi a Escola EB 2,3 / S de Lanheses. É autor de numerosas obras de investigação histórica sobre Viana do Castelo e o Alto-Minho. Foi agraciado como "Cidadão de Mérito" pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, em 1999."
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“4. Viana constituía uma terra onde a viuvez e a orfandade campeavam. Acudiam com intensidade nas épocas de crise e navegação do comércio marítimo. Contamos os seguintes casos de viuvez e pobreza: 1517, 101 e 74; 1549, 95 e 226; 1572, 133 e 28; 1644, 317 e 131; 1647, 316 e 121. Em 1647 havia 609 famílias a viver em casas alugadas.

Duas instituições ajudaram a população de Viana a amenizar as condições de vida aflitivas de certa franja da sociedade, menos favorecida. Trata-se da Misericórdia e confraria dos Mareantes. A primeira já existia em 1517. Era dirigida pela aristocracia local. Porém, os seus objectivos estendiam-se aos mais necessitados também. Na doença, morte, invalidez, peste e casos extremos os irmãos estavam presentes a socorrer e a aliviar. D. Frei Diogo da Silva, de quem tanto falamos neste nosso trabalho, contemplou-a com um donativo anual de 10 mil reais, «nos pareceo bem serviço de Deos e pera sustentamento da dita casa e obras della, lhe ordenar e deputar rendas em cada hum ano de que se posão fazer esmola a algumas pessoas miseráveis».

Por sua vez é bem conhecida a solicitude de D. Frei Bartolomeu dos Mártires em relação aos pobres de Viana durante o tempo que por cá viveu (1582-1590), «assi, quando via pobres e se via falto de os poder consolar, não havia pera ele maior pena». Gastava com eles todo o dinheiro que recebia e «quando não tinha dinheiro, dava-lhes lenços, toucadores, toalhas e outras peças de seu uso». Em 1575, ainda arcebispo de Braga, a fim de matar a fome a esta cidade faminta de trigo e varrida pela peste, recorre aos mercadores de Viana, nestes termos: «É tão grande a fome nesta cidade e termo há, que, se Nosso Senhor não nos acode com algum remédio de fora, correm o risco de perecerem de fome os moradores della».

No mesmo sector a confraria dos Mareantes desempenhou um papel relevante. A sua história já está escrita, em parte. Nunca é de mais realçar a solicitude para com os mais necessitados dentro da classe. Estavam a seu cargo as despesas e acompanhamento fúnebre, o agasalho e socorro de náufragos, assistência aos pescadores e mareantes mais necessitados, controlo e promoção dentro da hierarquia do grupo social, representação da classe e dinamização de cultos específicos.” (pág. 682 e 683)

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