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Os Mareantes de Viana e a Construção da Atlantidade

Nesta obra, o seu autor aborda o papel de mareantes e pecadores na construção da da Atlantidade referida no título.

Este estudo identifica, numera e caracteriza a classe marítima da época em análise, sublinha a importância da Confraria do Nome de Jesus, como elemento aglutinador e promotor da classe, revela as condicionantes das navegações, estuda as viagens realizadas por vianenses nas várias direcções do Atlântico e conclui com a identificação dos mareantes vianenses dos finais do séc. XVI e inícios do séc. XVII.

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Conheça o autor

"Natural da Póvoa de Varzim, reside na freguesia de Vila Mou, Viana do Castelo, desde 1968. Sacerdote católico, ordenado em 1965, na Sé de Braga, é pároco das freguesias de Vila Mou e de S. Salvador da Torre. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi professor de História do Ensino Secundário e da Universidade Católica, encontrando-se aposentado. A última escola em que leccionou foi a Escola EB 2,3 / S de Lanheses. É autor de numerosas obras de investigação histórica sobre Viana do Castelo e o Alto-Minho. Foi agraciado como "Cidadão de Mérito" pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, em 1999."
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972-588-065-X

Prefácio

Cada vez mais o historiador actual tem consciência de que a histório depende menos do indivíduo do que da sociedade. As grandes personalidades e figuras do passado, os próprios heróis e santos, não passam de meras projecções da conjuntura histórica. A consciência colectiva transformou-se em agente motor e moderador do devir. Os grupos, sociedades e classes sociais constituem o sujeito e predicado da construção impensada do passado. Por isso, Lucien Febvre gostava de exclamar, perante os seus alunos:« Não o homem, repito, nunca o homem. As sociedades humanas, os grupos organizados».

(…)

Principiamos o estudo por identificar, numerar e caracterizar a classe marítima de Viana na época referida. Em seguida chamaremos a atenção para a importância da Confraria do Nome de Jesus, sita na igreja matriz, como elemento aglutinador e promotor de classe, que conseguiu associar pescadores emareantes na defesa dos seus interesses religiosos, sociais e económicos. Merece especial interesse o terceiro capítulo dedicado ao estudo das navegações. Finalmente, temos a participação dos vianenses na construção da atlantida, desde os Descobrimentos e colonização até à exploração das rotas comerciais.

Excertos

“A descoberta das terras e ilhas bordejantesco estreito de Cabot, insere-se na política de ocupação de todo o hemisfério delimitado pelo Tratado de Tordesilhas (1494) e representa o esforço heróico da iniciativa particular, centralizado nos portos da província, para sobreviver perante a expansão avassaladora do monopólio régio das especiarias, que dominava a maior parte do novo oceano.

Os mareantes de Viana afirmaram-se na fase derradeira dos Descobrimentos. A descoberta do Canadá pelos vianenses, ocorrida muito antes das viagens de Cartier, constitui o último grito da Monarquia para identificar o Atlântico português. A experiência adquirida nas navegações para o Norte europeu, enfrentando as águas turbulentas do mar da Mancha e do Golfo da Gasconha ou mesmo a agressividade do oceano dos Açores, violento e veloz no Inverno e incerto na estação oposta, tornaram os mareantes de Viana aptos para enfrentar os nevoeiros densos, as correntes inesperadas, o perigo dos icebergues e tufões do Nordeste americano.

Falhadas as tentativas dos Corte-Reais, João Fernandes – o Lavrador, Álvaro de Ornelas, Pedero Barcelos, foi a vez de João Álvares Fagundes provar a sua sorte. Sob a protecção da Coroa, organizou a última das navegações àquelas áreas ricas, sabia-se em pescado. Foi a crise do grande comércio europeu de iniciativa particular, que impulsionou este esforço para reconhecer, gratificar as terras frias do Nordeste Atlântico. Durante o séc. XVI e parte do seguinte, os vianenses ultrapassaram as crises do comércio europeu, causadas pelas guerras religiosas, com as pescas longínquas. Tratava-se de uma actividade alternativa. Não era difícil adaptar as embarcações e fabricar apetrechos. Sal não faltava.” (pág. 234 e 235)

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