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ISBN | 972-588-049-8 |
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Prefácio
Sobre os salvados de Salvato
Precisamente em 1876, quando o historiador vianês José Caldas iniciava a sua correspondência com Camilo Castelo Branco, nascia em Ponte de Lima, de uma distinta família que a Poesia já havia amplamente bafejado, Salvato de Menezes de Castro Feijó.
(…)
Ouviam-se, ainda, nos confina da nossa província, os ecos obsoletos da Escola Ultra-Romântica, que tivera, como clarins da fama, as revistas Panorama , O Trovador, OBardo, A Grinalda, A Borboleta…e A Brisa, de Viana do Castelo, soprando “ignomínias líricas” pelos respeitáveis salões do Conselheiro Furtado d`Antas, dos Werneks, dos Mimosos, Morgados da Carcaveira, lá para as bandas de Ponte de Lima (… “essa ilustre família que reside/Na CXarcaveira” __ como lembra António Feijó. mascarado de Inácio de Abreu e Lima, numa das suas Bailatas).
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Rejeitando, por demasiado circunstanciais, algumas composições que por certo merecerão uma publicação à parte, pude organizar, com respeitoso cuidado, este breve feixe de líricas, capazes de dar entrada ao autor, sem empurrões e com a devida vénia, nos umbrais do “Templo da Imortalidade”.
São elas, as líricas, mais do que versos de amor, trovas de galanteio e gentileza palaciana, repassadas de uma aguda ironia, de uma doce malícia, de uma sensualidade discreta, onde o beijo que se pede e se dá, e é sempre o começo saboroso de uma paixão, soa num constante carinho:
“Falar de beijos…muitos! Eu concordo.”
Daí, o não podermos deixar de recordar, lendo a poesia de Salvato Feijó, aquelas graciosíssimas “facécias de jogral”, do autor de Bailatas, dirigidas aos encantos físicos da mulher e até à sua denguice e frivolidade, embora sem os “sorrisos que choram”, do já magoado criador de Novas Bailatas.
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Se falta ao lirismo de Salvato Feijó a “sarça ardente”, o “coração em carne viva”, a dor, enfim, que lhe aprofunde o estro e o sublime, é porque o poeta reservou para a sua obra teatral a densidade da alma, pondo, com mestria, o amor e o ciúme a dialogar com sangue, elevando, por vezes, o sofrimento dos simples a alturas de tragédia.
(…)
Excertos
PRONTO
Vem cá, senta-te aqui – num ar de musa,/ que eu prometi há instantes um soneto,/ e,agora, ao fim da tarde, uma recusa/ seria um desprimor _ que não cometo.
Senta-te, vá, ao colo. Aperta a blusa,/ ajeita a trança e toma um outro aspecto _ não vai dizer p`raí que a gente abusa/ quando entra pelas formas do terceto.
Deixa-me encostar-me a ti, que agora, a meio,/ depois das duas quadras, feito ponto,/ cai-me bem a cabeça no teu seio:
E embala-me contando um lindo conto/ e a modos de quem entra num torneio/ dá-me a boquita, a tua boca…Pronto.
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