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Raízes Históricas da Diocese de Viana do Castelo

Estudo de investigação histórica, esta obra debruça-se sobre a história das instituições religiosas cristãs desde o período mais remoto da cristianização do noroeste peninsular até à nova igreja saída da revolução liberal.

Obra de fôlego divide-se em quatro capítulos:
I- Inter Dorium et Minium – A Cristianização
II- A Administração Eclesiástica de Valença do Minho
III- A Sé de Viana e a Piedade Barroca
IV- A Comarca Eclesiástica de Valença

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Conheça o autor

"Natural da Póvoa de Varzim, reside na freguesia de Vila Mou, Viana do Castelo, desde 1968. Sacerdote católico, ordenado em 1965, na Sé de Braga, é pároco das freguesias de Vila Mou e de S. Salvador da Torre. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi professor de História do Ensino Secundário e da Universidade Católica, encontrando-se aposentado. A última escola em que leccionou foi a Escola EB 2,3 / S de Lanheses. É autor de numerosas obras de investigação histórica sobre Viana do Castelo e o Alto-Minho. Foi agraciado como "Cidadão de Mérito" pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, em 1999."
Autor:

Editora

(Autor)

Data de Edição:

Local de Edição:

ISBN

972-98120-0-4

Apresentação Gráfica/Paginação

Excertos

“2.1. A FESTA BARROCA

Viana é terra por excelência das festas e romarias. Não há lugarejo, altar ou capela, que não organizem a sua festa. São as mordomias, peditórios, cortejos, desfiles. Muito fogo, em disputa. Bandas de múica no coreto. Procissões coloridas magestosas. Leilões de prendas e ofertas. Sempre o arraial em que não falta o arco, ornamentações, tascas, diversões. A missa solene, semão e promessas atrás do andor.

As festas actuais nasceram na época barroca, sécs. XVII e XVIII. São fruto da mentalidade da época, da dureza da vida durante o Antigo Regime em que o senhorialismo e absolutismo esmagavam o homem pela miséria, fome, flagelos, trabalho intenso. As condições sociais e políticas não têm par no nosso tempo. A própria religião, através do sistema de impostos e da doutrinação obscurantista, oprimia mais do que libertava, utilizava-se mais o medo do que a caridade na conversão, conduzia mais à angústia do que à felicidade.

A festa barroca era o retrato da própria sociedade. As ordens, contradições e lutas, crises e progressos nela se reflectiam. Os privilegiados aproveitavam o momento para se afirmarem. O povo pagava, trabalhava e divertia-se.

Era tempo de encontro da cidade de Deus com a sociedade dos homens. Santos e pecadores, ricos e miseráveis, poderosos e fracos, opressores e oprimidos aparecem misturados. Constituía uma fuga ao quotidiano ou uma pausa libertadora. Despia-se o fato da labuta, sendo trocado pelo domingueiro. Melhorava-se a alimentação. Por vezes, caía-se no excesso. Era tempo de tréguas e paz, comunhão com os estranhos. Uns vêm gozar a romaria, outros ganhar a vida. A festa ainda hoje é religião, sociedade, comércio, arte e cultura, folclore; uma desordem organizada, uma falsa afirmação, uma excepção banalizada.

Todo o barroco, em si, é uma festa. Os elementos de um e da outra coincidem. Lembremos: a exuberância, movimento, assimetria, exagero, paixão, provocação. O homem barroco vive, pensa, fala, crê em festa. Até a própria morte se converte em festividade de despedida. A terça parte do ano passava-se em festa.

Voltamos ao pensamento inicial. Viana era a região por excelência da festa e da festa barroca. (…)

O mais belo e fiel retrato da festa barroca é-nos dada por Frei Luís de Sousa a respeito da transladação dos restos mortais do Arcebispo, D. Frei Bartolomeu dos Mártires, ocorrida em Maio de 1609 na Igreja de Santa Cruz, em Viana. Descreve os vários números da comemoração festiva, desde a tourada, realizada no Campo do Forno, à procissão, fogos, teatro, folias, jogos e danças.” (pág. 347 e 348)

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