Autor

Geraldo Aresta

"Geraldo Viegas de Oliveira Tavares nasceu em 17 de Fevereiro de 1928, em Cardigos, concelho de Mação, Santarém. Fez a licenciatura em Filologia Românica, iniciando então a sua carreira de professor. Após alguma itinerância por diversos liceus do país, veio, em 1963, leccionar, como professor agregado, no Liceu Nacional de Viana do Castelo; efectivo, no ano seguinte, fixou residência nesta cidade. Muitos foram os alunos que o tiveram como professor e puderam conhecer a sua forma de ser singular - amigo, sensível e generoso, apaixonado e arrebatado, muitas vezes inconformado. Em Viana, viveu e trabalhou, até à sua aposentação, em Agosto de 1995. Aqui, começou a produzir e a publicar a sua obra, em Edições de Autor. Os seus títulos vão da poesia ao conto, da novela ao drama. A obra reflecte a sensibilidade do Autor e o seu olhar sobre a vida e a sociedade, assumindo muitas vezes um olhar enternecido, outras, crítico mordaz. Depois da aposentação partiu de regresso à sua região natal onde veio a falecer."

Concelho Viana do Castelo
Data de Nascimento 17-02-1928
Profissão Professor

Livros do autor

Moranga

MORANGA é um livrinho com 33 poemas, sem título, numerados precisamente de 1 a 33, que nos falam do amor e do fazer poético.

Do primeiro, o autor diz que nos dá a verdade.

Sempre que fala de amor, Geraldo Tavares dirige-se à mulher a quem dedica o livro, à “ moranga, sentada na cadeira grave / da sala de estar”. À MORANGA que o enfeitiçou pois “ela veio e a vida ficou melhor”, que o amor é mesmo um de repente e “ para quem ama / não é inútil nada” .

A MORANGA é pois uma omnipresença e até “ A pastelaria monótona, fumarenta / cheia de gente fútil, elegante, / perde seu ar, seu torpor constante, / se Ela a meu lado se compõe e senta”.

A propósito do fazer poético o poeta espera que “ seja simples meu verso como o meu amor:/ a frase não vá / além do dia a dia, / que aí, julgo eu, / está a poesia”. A poesia é a sua circunstância, o seu dia-a-dia, a vida:

“Vida! Quero vida a borbulhar nos versos!
Não mais palavras gastas, imprecisas:
Venham as coisas concretas, precisas,
Os termos sãos, os sentimentos tersos!”

Burguês Anti-Burguês

(…) Burguês Anti-Burguês denuncia os interesses criados e instalados que abafam e apagam na consciência a realização íntima e profunda do eu, da vida e até do amor. Impedindo a auto-realização, fazem do homem uma máscara de futilidade e ilusão caindo-se no inautêntico e no fora de si, na exterioridade do mim. Surge aqui a linha mestra de quase toda a obra, a luta entre o espírito e a matéria. (…)

A vida, e por consequência a obra, é uma superação. Poesia do frágil derruir de tudo, do declínio da ilusão “Cumpre o teu dever que é envelhecer” e de algum desprendimento em que o tempo surge como crepúsculo total na sua fugacidade que apaga e destrói o efémero e o sonho, igualando os humanos na morte. A morte como o grande horizonte ou aurora da vida é também um tema central na obra de Geraldo Aresta.(…)

Mas, se a presente obra brota da intimidade, é de nóms que ela se ocupa e, por isso, nos abala. Porque nos arranca a máscara e vai directa às nossas fraquezas. (…)

in Prefácio de “Burgês Anti-Burguês”
( excertos)