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Sem as «Madeleines» de Proust

Após o belo prefácio de Alberto Abreu, os quarenta e sete poemas desta obra distribuem-se por três partes.

Os trinta poemas que constituem a primeira parte, intitulada “De perto e de Longe”, pode ser integrada na denominada literatura de viagens. Dela constam poemas inspirados em lugares/acontecimentos marcados pela proximidade geográfica (Lisboa ou Viana), mas também outros que remetem para exóticas e distantes paragens, Marrocos ou a Grécia, México ou a Patagónia, para apenas referir alguns exemplos.

A segunda parte, “Avena Rústica”, constituída por dez poemas, canta as origens rústicas do seu autor e é dedicada à região altominhota, aos seus patronos (“Nossa Senhora das Neves” ou “Promessa e Louvor”), aos usos e costumes desta região (“Vindimas da minha terra” e “Samiguel Minhoto”), às suas gentes (“O motard bacano”).

Nos sete poemas da terceira parte, “Personagens Típicas de Vila de Punhe”, o autor presta tributo a personagens, suas conterrâneas, que se destacaram pelas mais diversas atividades – música, poesia, mendicidade, venda ambulante…

Pelo Mundo em Pedaços sem Partido

Escrever é criar circunstâncias e memorializar viagens.

De Viagens nos fala este livro de Amadeu Torres. São 78 sonetos e quatro momentos.

Num primeiro momento, aparecem textos escritos entre 94 e 2001 e que reflectem viagens por Portugal, pela Rússia, pela Alemanha, pela Áustria, pela Inglaterra, pela França, pelo México, pelo Chile, pela Argentina, pelos EUA… São pedaços de si, a esmo espalhados pelo mundo de onde nos traz o Taj Mahal, as bétulas de IASNAIA POLIANA, os castelos do Reno, o Krupp do aço, o Hitler e o Duce, Shakespeare, Walter Scott, William Wallace, a Magna Carta, Bonaparte e S. Guirec, Chartres, Cracóvia e Damião de Góis, Garcilaso de La Veja, o trem de Machu Picchu, etc.

No 2º momento, de 97 a 2000, lembra-nos, à distância de 60 anos, a Carta de Atenas; fala-nos de Quioto, de Teixeira de Pascoais, de cantores e romancistas, de sinestesias e de presépios, do KGB e dos progromes da fome; lembra O JUSTO e o Sousa Mendes, o Ieltsin e Púchkin; recorda os castanheiros e as cerejeiras dos avós, o António Aleixo, o António Nobre e AS MENINAS, do Museu do Prado.

A terceira parte são textos essencialmente políticos e de intervenção: A REVOLUÇÃO FRANCESA, A Justiça e a Cega Balança, o dia da árvore, o trabalho infantil, os “bandos de selvagens”, a liberdade de Abril, o Zé Povinho e os que o exploram, o “lobby gay”, Camarate, os talibãs, etc.

Finalmente, no último grupo de textos – Políptico Poetogastronómico – dedicados a Francisco Sampaio e Nuno Lima de Carvalho, encontramos 6 sonetos onde nos faz salivar com o Ensopado, a lampreiada, o Cabrito Montês, a Sopa Seca, o Arroz de Sarrabulho e Melgaço à João Penha.

No espólio de Juvenal e noutros

O autor divide o livro em duas partes:

1. A 1ª , No Espólio de Juvenal, dá o nome à obra e é composta por 30 sonetos onde Amadeu Torres satiriza usos e costumes do seu Portugal contemporâneo. Assim passam por nós, a “Santa esquerda”, a “Des-história estrelada”,l “O virgulismo”, “o riso aquém do siso”, o “surrealisquestão”, “os ridículos”, etc.

2. A 2ª , E noutros, divide-a em dois momentos. Chamou ao primeiro, com 20 sonetos, Flauta de Pã, e aí evoca Sebastião da Gama, José Augusto Seabra, o maestro José Pedro, Mario Luzi, o Aurora do Lima, Mariana Pineda, o Gerês, Sintra, etc.

O 2º momento, Avena Rústica, compõe-se de quintilhas, em redondilha maior, dedicadas a personagens típicas de Vila de Punhe: O Chico Vila Fria, o Tio Manuel Farofa, O Tio António Belicha, a Tia Engrácia Caixeiro, o Tone Teclo.

Em Louvor de Viana e Outros Poemas

O livro divide-se em três partes.

A 1ª. Que lhe dá o nome, compõe-se de 19 quase-epifanias  de “Viana do Minho” e da Costa Verde, da ponte metálica e das pombas de S. Domingos, da festa, da feira, do castelo e da fé dos pescadores… e mesmo quando a paixão do seu peregrinar o colocou longe da pátria, recorda, ainda assim, Viana, a “bela das mais belas”.

Na 2ª parte, a que chamou Outros poemas, encontramos 13 sonetos onde o autor nos fala sobre a aldeia, os costumes e as tradições (escultores, sardinheiras das Neves, o Monte de S. Silvestre, as sargaceiras, a terra e as danças, as alminhas) e sobre “os nossos poetas”: Diogo Bernardes, Agostinho da Cruz, Sebastião Pereira da Cunha, António Feijó, João Verde, João da Rocha, Alfredo Reguengo, Severino Costa, José Crespo, Pedro Homem de Melo, Francisco Pitta, Maria Manuela Couto Viana, António de Cardielos, Rosália de Castro, Carvcalho Calero,  trovadores Minho-galaicos, entre outros.

Na última parte, no Apêndice poético-musical, incluiu textos, alguns musicados (hinos) de “homenagem a esses heróis do trabalhoque tanto amam a sua terra e toda esta região maravilhosa do Alto Minho”.