2000

Hospital

Percorrendo a “Tábua” deste livro de poemas, sai reforçada a ideia de que os textos abordam vivências de alguém que se viu na necessidade de estar num hospital… constatamos a existência de doentes provavelmente companheiros de enfermaria, desde “O Chinês”, “O Doido Senil”, “O Bom Samaritano”, O “Filósofo” e “O Colérico”… Mas um hospital também é feito de “Dor” que muitas vezes é atenuada pela presença de “As Visitas”.

Também encontramos poemas com os títulos “corpo clínico”, “Pessoal de Enfermagem e “Pessoal Auxiliar”.

“O Juízo Final” é o último poema em que é marcante uma postura crítica em tom de apelo ao Ministro de Saúde, responsável máximo pelo barracão degradado que “tem o chão aos buracos” e onde o poeta jaz internado.

Criança é Rima de Esperança

O Poeta, tomando como ponto de partida fotografias de crianças denuncia, de forma flagrantemente maniqueísta, a oposição entre a pureza original desta e a sordidez de um mundo maléfico que busca destruí-la (v. páginas 17 e 21).

Surge, no entanto, aqui e além, a luz da esperança plasmada num sorriso infantil (v. página 22) ou na paz que só a criança poderá trazer ao mundo (v. página 52).

É a visão de um mundo cruel que faz nascer uma entusiasta exortação, através da palavra poética, ao espírito de solidariedade humana como tentativa de fuga a um duro cinismo perante a realidade (v. páginas 31 e 33).

Preenche-se, assim, este livro da genuína vontade de instituir um novo mundo onde os valores de paz, justiça e prosperidade sejam vividos com verdade.

Cinco Motes para um Memorial – Separata do tomo 16 dos Cadernos Vianenses

São cinco breves estórias: a primeira fala-nos de um jovem traquina e sonhador, dos seus tempos de catequese; na segunda, o autor recorda a sua partida para a Guiné, em 21 de Dezembro de 71; a terceira estória lembra a morte de um campanheiro de armas e ainda uma demonstração de cobarde coragem no assassínio de um mandinga; segue-se um rápido in memoriam a Alfredo Reguengo para, no último relato, nos deliciar com as suas emoções da madrugada de Abril.

Bica Aberta

A obra é constituída por um prefácio do autor e por um total de 70 textos , publicados, entre os anos 1993 e 1999, na imprensa local (Aurora do Lima, Falcão do Minho, Notícias de Viana, O Vianense, Favo de Mel, Paróquia Nova e Foz do Lima) que abordam quer temáticas regionais quer nacionais.