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Moranga

MORANGA é um livrinho com 33 poemas, sem título, numerados precisamente de 1 a 33, que nos falam do amor e do fazer poético.

Do primeiro, o autor diz que nos dá a verdade.

Sempre que fala de amor, Geraldo Tavares dirige-se à mulher a quem dedica o livro, à “ moranga, sentada na cadeira grave / da sala de estar”. À MORANGA que o enfeitiçou pois “ela veio e a vida ficou melhor”, que o amor é mesmo um de repente e “ para quem ama / não é inútil nada” .

A MORANGA é pois uma omnipresença e até “ A pastelaria monótona, fumarenta / cheia de gente fútil, elegante, / perde seu ar, seu torpor constante, / se Ela a meu lado se compõe e senta”.

A propósito do fazer poético o poeta espera que “ seja simples meu verso como o meu amor:/ a frase não vá / além do dia a dia, / que aí, julgo eu, / está a poesia”. A poesia é a sua circunstância, o seu dia-a-dia, a vida:

“Vida! Quero vida a borbulhar nos versos!
Não mais palavras gastas, imprecisas:
Venham as coisas concretas, precisas,
Os termos sãos, os sentimentos tersos!”

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Conheça o autor

"Geraldo Viegas de Oliveira Tavares nasceu em 17 de Fevereiro de 1928, em Cardigos, concelho de Mação, Santarém. Fez a licenciatura em Filologia Românica, iniciando então a sua carreira de professor. Após alguma itinerância por diversos liceus do país, veio, em 1963, leccionar, como professor agregado, no Liceu Nacional de Viana do Castelo; efectivo, no ano seguinte, fixou residência nesta cidade. Muitos foram os alunos que o tiveram como professor e puderam conhecer a sua forma de ser singular - amigo, sensível e generoso, apaixonado e arrebatado, muitas vezes inconformado. Em Viana, viveu e trabalhou, até à sua aposentação, em Agosto de 1995. Aqui, começou a produzir e a publicar a sua obra, em Edições de Autor. Os seus títulos vão da poesia ao conto, da novela ao drama. A obra reflecte a sensibilidade do Autor e o seu olhar sobre a vida e a sociedade, assumindo muitas vezes um olhar enternecido, outras, crítico mordaz. Depois da aposentação partiu de regresso à sua região natal onde veio a falecer."
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Excertos

1

Esta paisagem calma de entre nós,
este ar de família do nosso encontro enfim,
há-de ser um poema,
pois o sinto em mim,
há-de ser um poema,
pois é a verdade
que a vida nos dá.

4

Eu encontrei a minha madrugada:
sou como nuvem que vem da manhã
e encontra o sol:
eu encontrei o amor.

A nuvem ficou clara, irradiou mil cores:
o amor espalhou em mim a sua poesia.

Sou como nuvem que vem da manhã…

17

Para quem ama
não é inútil nada:
seguir nosso destino é descobrir
o amor que há muito tempo vivia em nós:
parar não é mais do que sentir
que no mundo estamos sós.

Eu encontrei a força que me leva
e transformei em luz a própria treva.

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