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Roteiro Sentimental das Festas d’Agonia

Esta obra, prefaciada por Artur Anselmo,apresenta uma visão muito fresca e de carácter quase etnográfico das festas da Senhora d’Agonia.São cantadas as mulheres minhotas, a garridice dos seus fatos, o som dos bombos, do harmónio e do cavaquinho, as delícias de um vira bem dançado e, claro, a beleza do fogo de artifício.Faz-nos crescer água na boca com a descrição dos petiscos e odores que contribuem para a festa. Mas o poeta também canta as emoções, os desejos que cada um acalenta no meio da multidão.

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972-588-091-9

Prefácio:

Posfácio

Prefácio

” O Roteiro das Festas D’Agonia, de Alfredo Reguengo,é um documento poético de assinalável importância, não apenas porque todas as suas composições denotam elevada maturidade formal e estilística, mas também porque se prendem com uma realidade histórica que, sendo embora recente, está, cada vez mais, fora dos hábitos e da mentalidade dos nossos dias. O desenvolvimento histórico, de facto, tem vindo a cilindrar implacavelmente tudo o que nas Festas d’Agonia, ainda em vida de
” O Roteiro das Festas D’Agonia, de Alfredo Reguengo,é um documento poético de assinalável importância, não apenas porque todas as suas composições denotam elevada maturidade formal e estilística, mas também porque se prendem com uma realidade histórica que, sendo embora recente, está, cada vez mais, fora dos hábitos e da mentalidade dos nossos dias. O desenvolvimento histórico, de facto, tem vindo a cilindrar implacavelmente tudo o que nas Festas d’Agonia, ainda em vida de Alfredo Reguengo, era já curiosidade histórica: os “cafés de lepes” à luz do carboneto, as velas dos copinhos de estearina, o “peixe frito sobre as sertãs das tendas de madeira”, as bilhas de água “cumà neve”, os “foguetes dos Silvas e Castros”, a “carripana de anúncio à tourada”, a moça que vendia tremoços em alguidar vidrado, o homem dos “milagrosos pós de duas coroas”, a “barraca dum pobre retratista”, os comes-e-bebes com loureiros no portal e mesas improvisadas sobre barrotes.”

Artur Anselmo

Excertos

EM LOUVOR DE VIANA

Vem daí, anda comigo,
vamos ver Viana, os dois.
Se eu mentir, dás-me o castigo,
mas, se for mais do que eu digo,
fazemos contas, depois…

Tu vais-te embora – é verdade –
mas vais voltar novamente
cativo desta beldade
– como volta toda a gente…

Viana é um jardim florido
de inimitável beleza,
porque Deus – estou convencido –
ou foi mesmo aqui nascido,
ou mora cá, com certeza…

O Rio teima em ficar
olhando a cidade linda
e nem se lembra do mar
e nem sonha em ter de andar
mais uns momentos, ainda…

Desde que o sol, num sorriso,
a beija, numa promessa,
a gente perde o juízo
e pensa que o Paraíso
é mesmo ali que começa…

E à noite, no desvario
de um sonho que mal se expressa,
sobre o decote do rio
brilham as luzes do fio
de contas, que o atravessa…

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