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E Mais Mundo Haverá

É um livro bilingue, prefaciado por Claude Hulet, que embora seja dedicado a Fernando Pessoa, tem Camões como inspirador e se propõe “louvar os principais aspectos da história de Portugal […] e censurar […] a apagada e vil tristeza” do país em que vive.

Aconselhamos a leitura do Prefácio (cf. Comentários/Estudos)

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Conheça o autor

"AMADEU RODRIGUES TORRES nascido em 1927, em Vila de Punhe, Viana do Castelo, estudou nos seminários diocesanos de Braga. Uma doença súbita e grave colocou-lhe em risco a vida e a prossecução dos estudos, tendo sido internado no sanatório de Coimbra, onde escreveu grande parte dos seus poemas juvenis. Estudioso afincado e inquieto, além da poesia ( que assina com o pseudónimo CASTRO GIL), ocupou as horas de ócio em estudos linguísticos e literários. 30 anos mais tarde licenciou-se em Filosofia e pouco depois se doutorou com tese sobre Damião de Góis. Tem uma obra imensa. Logo na convalescença, em 1948, editou O meu Caminho é este e O sonho de um castelo, que foi Prémio Nacional de Poesia. Seguiram-se-lhe inúmeras outras obras. Entre elas destacamos: Auto Alegórico das Rosas, (com música de A. Lapa) Coimbra, Quinta dos Vales, 1950; Dia de Anos (com música para coro a 5 v.m. de M. Faria Borda), Braga, 1953; Barcarola (com música a 4 v.m. de M. Faria Borda), Braga, 1954; Vaticanum Alterum (ode sáfica, 1962 e versão portuguesa) Braga, Ed. Humanitas, 1963; Dulce Lovanium (ode alcaica e versão portuguesa), Braga, Ed. Humanitas, 1971; Hino de S. Tomás de Aquino (1944) com música de Benjamim Salgado, Braga, Ed. Humanitas, 1974; Carmen Fatimale ( em 8 línguas, musicado para coro e orquestra por J. Santos), Braga, Empr. Diário do Minho, 1982; Carmen Hemisaeculare (em louvor da Academia Portuguesa de História), Braga, Empr. Diário do Minho, 1987; Iubilaei Cármen in honorem Prof Costa Ramalho, Braga, Empr. Diário do Minho, 1993; Álbum de Família (Colaboração de José Torres e Alípio Torres), Braga, Barbosa e Xavier, 1995; O Sonho do Infante ( interpretado em cantata por J. Santos, para Coro e Ballet), Braga, Ed dos Autores, 1998; A Fonte de Hipocrene Cinquentando , Braga, Ed. Humanitas, 1998; Em Louvor de Viana e Outros Poemas, Braga, Ed. Humanitas, 1999; Caminhos de Emaús, Braga, Ed. Humanitas, 2000; Hino de Braga ( em colaboração com o musicólogo João Duque, para Coro e Orquestra ou Banda) , Braga, APPACDM, 2000; E Mais Mundo Não Houve , Braga, Ed. Humkanitas, 2000; Viana do Castelo e Outros Poemas / Viana do Castelo and Other Poems, Viana do Castelo, CER, 2001; E Mais Mundo Haverá / And More World There Will Be, Viana do Casstelo, CER, 2002; Antologia Poética de Castro Gil (Org. e Pref. de A.A. Abreu), Viana do Castelo, Câmara Municipal, 2002; Pelo Mundo em Pedaços Sem Partido, Viana do Castelo, CER, 2002; Quando os Longes e o Perto se Emesmaram, Viana do Castelo, CER, 2003; poemas Variação sobre um Velho Tema e Bom Jesus do Monte, musicados por J. Santos para Barítono e Órgão, Braga, 2003; Entre o Focar e o Disparar da Olympus, Viana do Castelo, CER, 2004; Acro-Ontobibliografia “in Memoriam” João Cabral de Melo Neto, Braga, Ed. Humanitas, 2004; Vila de Punhe de Ontem e de Hoje, Vila de Punhe, Ed. Junta de Freguesia, 2004; Poética em Razão Crítica, Viana do Castelo, CER, 2005; Sem as “Madeleines” de Proust, Viana do Castelo, CER, 2005; Resalutationis Carmen (ode sáfica in honorem Prof Costa Ramalho), Braga, Barbosa e Xavier, 2006; Pré-Cardápio Poetogastronómico Altominhoto, Viana do Castelo, CER, 2006; No Espólio de Juvenal e Noutros, Viana do Castelo, CER, 2006.´ (Adaptado dos textos das badanas dos livros No Espólio de Juvenal e Noutros e Antologia Poética de Castro Gil )"
Autor:

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ISBN

972-9397-41-4

Prefácio:

Capa

Prefácio

Amadeu Torres, o autor de E Mais Mundo Haverá, foi honrado com o título de «Príncipe dos Poetas» ao ser-lhe conferido o prémio nacional de poesia heróica resultante do concurso promovido pela, então, Emissora Nacional. A presente edição bilingue, com as versões portuguesa e inglesa em páginas opostas, segue essa tradição. O livro tem dois objectivos: louvar os principais aspectos da História de Portugal desde a fundação da nacionalidade no século XII, e através dos séculos até ao presente, e censurar, muito à semelhança do que fez o Velho do Restelo, em Os Lusíadas, a crassa «apagada e vil tristeza» em que presentemente ele vê o seu país afundar-se. Ao tomar esta posição, o poeta segue os passos de dois famosos poetas portugueses que constituem pontos altos na História épica de Portugal, Luís de Caniões, autor de Os Lusíadas (1572) e Fernando Pessoa, autor de Mensagem (1934). Estas obras servem de limite cronológico e de conteúdo a E Mais Mundo Haverá, cujo título se inspira na primeira.

A seguir ao prefácio, o assunto, o tom e a estrutura do livro têm como mote quatro citações retiradas de Os Lusíadas. Embora o poeta dedique o seu livro a Fernando Pessoa, a quem chama um segundo Camões, é este, na verdade, o inspirador do poeta.

Os 36 sonetos que constituem o livro são precedidos de dois poemas em quadras. O primeiro salienta a fundação da nacionalidade e orgulhosamente anota que o Portugal do século XII foi o primeiro país europeu a ter o estatuto de nação. O segundo poema enfatiza o papel especial que os portugueses tiveram nas descobertas marítimas e no abrir o mundo aos olhos dos europeus.

O primeiro poema, «O Sonho de um Castelo», evoca a fundação de Portugal, começando pelo seu passado lusitano e pela figura de Viriato, que tão corajosamente lutou contra Roma, continuando depois pelos tempos fora para lembrar o papel heróico de Afonso Henriques na fundação do Portugal actual, o qual está concretizado e simbolizado pela construção do castelo em Guimarães.

O poema seguinte, «Antevisão de Sagres», precedido também por urna epígrafe retirada de Os Lusíadas, anuncia as futuras viagens marítimas e as descobertas dos exploradores portugueses, começando pelos sonhos e o papel histórico do Infante D. Henrique e continuando com figuras de tanta nomeada como Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, os irmãos Corte-Real e Fernão de Magalhães.

A linguagem e o tom agradáveis destas quadras preparam o palco temático e estético para os trinta e seis sonetos seguintes, cuja missão é a de focar os pontos altos dos dez séculos de história de Portugal. Os títulos dos poemas identificam personagens ou acontecimentos importantes nessa resenha da passagem dos séculos. A principal secção do livro é dedicada a indivíduos tão extraordinários como José de Anchieta, António Vieira e, evidentemente, S. Francisco Xavier, bem como a acontecimentos tão significativos como o achamento do Brasil, a fundação de Sacramento, a descoberta da Califórnia, a extensão do vasto império comercial português através do Oceano Indico em direcção ao que agora chamamos as Índias Orientais, a China e o Japão — todos evocados em soneto após soneto. Esta vontade heróica e ritmada enforma a maior parte do livro. Pensamos que o Simpósio sobre as Tradições Portuguesas (Europa, América, Africa e Ásia), na Universidade da Califórnia em Los Angeles, que celebra a sua vigésima quinta sessão consecutiva em 2002, reflecte, à sua escala, as metas e aspirações da lembrança dos altos valores da língua e da cultura do mundo que fala Português, e que tanto se encontra em E Mais Mundo Haverá.

Mas há também uma parte de pessimismo. Embora já venha sugerida no início do livro, no poema dedicado a Fernando Pessoa, a mensagem torna-se mais forte quando o poeta chama ao palco a figura descontente e terrível do Velho do Restelo, de Camões. Seguindo-lhe o exemplo, o poeta só vê cinismo à sua volta, um povo sem sonhos, que faz chacota e destrona os heróis do passado da sua justa glória, um povo ignorante e indisciplinado, sem ideais nem valores, sem Deus, sem tradição nem ética. Em poucas palavras, um país a tornar-se oco.

Da mesma forma que abriu E Mais Mundo Haverá, Amadeu Torres compõe o fecho da sua estrutura com outras significativas citações de Os Lusíadas.

O autor das versões inglesas, Hélio Osvaldo Alves, não deve ficar sem que se lhe pague tributo. A sua fidelidade aos textos originais trouxe-lhe a tarefa louvável mas muito difícil de manter os ritmos e as rimas de Amadeu Torres.

CLAUDE L. HULET
Los Angeles, Califórnia,
18 de Março de 2002

Excertos

A FERNANDO PESSOA

Pessoa inteiro, a Ti consagro este volume
Em que se encontra implícita a tua Mensagem.
E creio em mim que esta grinalda de homenagem
Aos outros poetas meus não causará ciúme.

Teus versos que ao torrão me sabem e ao seu lume,
Que só não faz calor à estulta matulagem,
Aprendi a admirar, e a «português» linguagem
E as gestas que esquecer agora é já costume.

Foste Camões segundo e és bem o maior de hoje.
Mas da Pátria que amaste gente muita foge
Para hermeneutizar à força outros Teus poemas.

Um nevoeiro encurta os horizontes largos.
E há vãos intelectuais ressabiados, amargos,
Remoendo em vil tristeza mastigados temas.

De Washington a Nova lorque, em 29 de Agosto de 2000.

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